Fala, fala, fala
Como o parlatório deveria ser artigo de primeira necessidade entre as mulheres, sobretudo as mais velhas
Gravei, semana passada, a terceira temporada do meu canal de Youtube, o ATITUDE50. Comigo, só cinquentonas no meu sofá à la Hebe. Temas como gravidez na maturidade, mundo gay feminino, cirurgia bariátrica, dança aos 50+ e por aí vai descortinaram-se na minha frente.
Um, porém, me chamou mais a atenção. A menopausa. Mas aqui não tocamos no assunto pelo olhar médico. Elas falaram do dia a dia com a baixa hormonal. Calores. Insônia. Irritabilidade. Medos.
É como uma tarja preta do envelhecimento. Não tocam no assunto com os parceiros. Minimizam com as amigas. Sofrem sozinhas.
E, microfone oculto, câmeras ligadas, luz… Ação! Verbalizaram como se tornam invisíveis com a maturidade. Com todo poder da tecnologia no mundo da beleza, da saúde, das redes sociais, a mulherada se sente só, deprimida, feia, sem energia…
Como acordar no dia seguinte para encarar o mundo? Culpa da menopausa. Culpa da falta de diálogo. E eu ouvindo aqueles depoimentos e me colocando em cada um deles. Como o parlatório deveria ser artigo de primeira necessidade entre as mulheres, sobretudo as mais velhas.
Precisamos falar. Precisamos ouvir, precisamos aprender umas com as outras. Apesar de exausta daquele dia intenso, saí feliz. Sei que estou –a minha maneira pequenina– ajudando a cada uma delas, mas sobretudo me tornando um ser humano melhor.