Erros novos, por favor
"Cancelo amizades, verbalizo raivas, corto emoções negativas, dou pitis. Isso são erros?", questiona a colunista Kika Gama Lobo
Ando de BRT aqui no Rio e tem numa estação, essa frase grafitada. Sempre vejo. E cada vez que a leio, me provoca maremoto. Estamos numa maré de tantos solavancos que errar acaba sendo humano, mas de tanto repetirmos o mesmo erro, o mood é bestial.
Então, te devolvo a pergunta: Você está errando diferente? Tão desconcertante essa pergunta para mim pois nos oferta a permissão da ousadia, da audácia, da coragem.
Se jogar hoje – num ambiente quase hospitalar – protegidos por máscaras, álcool, luvas – é atitude para poucos pois estamos envoltos em um papel-filme, plástico-bolha, aventais e capacetes de oxigênio, então como aventura-se nesta seara?
Eu decidi que serei ativista em meu microcosmo. Uma espécie de heroína do meu destino banal tentando mudanças radicais em cenários minúsculos. Cancelo amizades, verbalizo raivas, corto emoções negativas, dou pitis. Isso são erros? Sei lá.
A gente não acorda querendo que dê ruim. Queremos sempre o melhor para a gente, mas erros acontecem. Por que raios fui pintar a casa agora? (Preciso economizar). Para que mudar o quadro de lugar (se a parede ficará manchada?) E esse jejum intermitente que começo e não termino? (Continuo não cabendo no jeans de 2019, arg!) E por aí vai…. mas resolvi que ao invés de calcular os danos, vou celebrar meus ímpetos.
Sim. Bora errar galera. Para que essa inércia? Já estamos paralisados de medo com tantas partidas e lutos que necessitamos de piquetes internos e atitudes rebeldes em pequena escala.
Conclusão: errar é viver então não vai ser esse medinho bobo que vai dar fim à sua trajetória na terra. Escrevendo assim até parece fácil mas basta pintar uma pequena dúvida que a gente amarela.
Então toma logo esse vagão e arranca. Nos vemos lá na frente. Prometo histórias pra contar. Ah, e se você não sabe, o nome disso é vida.