E agora?
Não tenho planos. Não tenho sonhos. Tenho um vazio que é preenchido por Lives que assisto e ministro quase todos os dias
2020 já era. Falam em uma volta à normalidade em 22. Pqp. Não era só uma gripezinha?
Cada vez mais eu penso nesse novo normal e desanimo. Fico em suspenso imaginando que só sei viver daquela maneira antiga.
Réveillon e Carnaval já babaram.
O meu aniversário é em agosto e imagino aquele timtim morno via zoom. Quem fez niver em abril sabe do que eu estou falando mas juro que no segundo semestre a vida já teria cores. Não tem. Permaneço em casa num footing da farmácia para o supermercado e com ousadias matinais pelo calçadão de Ipanema a passear com o cão. Nada além disso.
Não tenho planos. Não tenho sonhos. Tenho um vazio que é preenchido por Lives que assisto e ministro quase todos os dias. De Teresa Cristina à economia prateada passando pela meditação do Chopra e Malala com sua voz potente. Mas tudo está um super marasmo.
Salvo pela TV nova que o marido comprou (aliás o novo luxo é equipar sua casa com um homeoffice dublê de studio) eu sigo de pijamas. O cabelo branco que eu celebrei tanto já estou achando medonho. Não cresce o suficiente para um corte e ando com cara de desleixada. A pochete na barriga só aumenta e eu não aguento mais assistir a séries.
Fico fazendo planilhas de gastos, lutando pelo benefício da Caixa, louca pra ser chamada por um amigo para ficar na Serra só entornando vinhos enquanto jogamos conversa fora. Tá chata essa travessia. Sei da penúria de muitos. Das mortes que não cessam. Dos transtornos na vida de todos. Posso escrever que está chato? Posso reclamar que está cinza? E agora? Alguém desenha pra mim?
Carga mental: você também se sente sobrecarregada em casa?