Cuide de seus demônios
A menopausa severa levou todos os meus neurônios e eu me esgoto em tentar reverter o que parece irreversível
Já lustrou suas neuroses hoje? Arrumou a prateleira de suas maluquices? Conseguiu organizar a gaveta de mágoas e ressentimentos?
Na idade madura você tem duas opções: ou penteia os seus banzos ou dá uma banana para o que deu errado e segue ou vira uma repentista de derrotas, repetindo para si o que poderia ter sido e não foi.
Tenho tido mais pendência para o primeiro modo. Virei uma Rita Lee, dando um chega pra lá na tristeza e enfrentando os meus medos. Já que o fim é inevitável vamos torcer para esse terceiro tempo estar mais para sereno do que para melodrama. Ah, esqueci de dizer que sou bem dramática e habita em mim uma Janete Clair travestida de João Emanuel Carneiro.
Eu quero cada vez mais entrar no modo maconheira velha, adentrando numa vibe bem lisérgica e não ter razão jamais. Pra quê? Quero ser feliz, apenas isso. Tô errada?
Outro ponto importante é minimizar o nevoeiro mental e investir numa sanidade possível. A menopausa severa levou todos os meus neurônios e eu me esgoto em tentar reverter o que parece irreversível, mas sabe que tem uma serventia?
Já não lembro de muita coisa e assim, meus tropeços e derrotas também ficam apagadinhos. Nunca pensei que ia achar legal esquecer das coisas. Talvez isso seja uma vantagem da maturidade. Limpar ou deletar da cachola o que passou e não valeu muito.
É a faxina mental sem esforço. Simples assim.