Barbie, velha?
A boneca das telas dá um show de colágeno e ainda entra de cabeça no debate da saúde mental, misoginia e combate ao etarismo
Sim… Eu fui vestida de rosa assistir ao filme sensação do momento. Até agora, mais de quatro milhões de brasileiros já viram a fita que arrecadou o montante de mais de 80 milhões de reais apenas em terras brazucas.
Mas o que tenho lido de baboseira e visto vídeos surreais na internet esculachando a boneca, o filme, a atriz, a diretora, o Ken. “Kendiria” que até o namorado insosso da boneca fosse entrar na berlinda.
Linda mesmo. A atriz é maravilhosa e chamar a gostosura de velha é miopia. Ou pior, catarata. Kekéisso. Dura, hormonalmente preenchida, horizontalmente desejável, plenamente sadia, a Barbie das telas dá um show de colágeno e ainda entra de cabeça no debate da saúde mental, misoginia, combate ao etarismo e toda a sorte de assuntos contemporâneos. Eu não dava nada pelo filme e saí maravilhada. Está tudo ali.
Comparo a boneca estragada à Eva. Precisou morder a maçã podre do paraíso rosa para se dar conta de suas limitações e, ao mesmo tempo, dos seus poderes.
Até me arrumei na cadeira e, ao The End, explodi em aplausos efusivos. Parecia aquelas feministas extremas vendo suas causas ganharem corpo. Coisa de Oscar. Gostei mesmo.
Não é pieguice nem trend momentânea. É que fui menina nos anos 1970 e brinquei muito com a Barbie. Aliás, Susi, que foi lançada em 1966. A Barbie chegou aqui em 1982 e era caríssima. E me lembro de não achar estranho a boneca não ter vagina. Os tempos eram outros.
Tudo muito psiu psiu e é justamente neste momento de tamanha abertura que eu fico boquiaberta ao ver que muitos acham a Barbie velha. Como assim?
É por essas e outras que precisamos aumentar o volume da discussão sobre a passagem do tempo. Se estamos vivendo mais, quais as novas fronteiras para a juventude e a maturidade? Os 60 são o começo da idade madura? Os 40? Ou bora rasgar essa contagem idiota e degolar Chronos tornando o tempo um aliado?
O fato é que a bonequinha rosa merece mais carinho. Sim ou não?