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O jovem rosto do velho câncer

Marcelle Medeiros, Fundadora e CEO da Fundação Laço Rosa, reflete sobre o diagnóstico de câncer de mama em pessoas jovens

Por Marcelle Medeiros
20 out 2022, 09h22

Ela tinha 32 quando me deu a notícia que o resultado era positivo para câncer de mama. O Bento tinha poucos meses na barriga dela e menos de vinte dias após achar um caroço no seio enquanto tomava banho, os dois já estavam no centro cirúrgico para uma mastectomia radical e logo após o início do ciclo de quimioterapia. Uma realidade bem singular e privilegiada que não representava e segue não representando a maioria dos pacientes diagnosticados com a doença no Brasil. 

O Brasil terá até o fim deste ano 625 mil novos casos de câncer, de acordo com a Estimativa 2020 – Incidência de Câncer no Brasil, lançada pelo INCA para a cada ano do triênio 2020-2022. Número apavorante!

Quinze anos atrás, quando a minha irmã mais nova, Aline, descobriu seu diagnóstico, não era comum ver tantas mulheres jovens recebendo uma notícia dessas. Foi difícil ver a cadeira de rodas tomar o lugar das pernas quando a doença ganhou outras partes do corpo. Foi doloroso encarar o sofrimento diário sem pausar as dores que remédio algum era capaz de aliviar. A careca esbranquiçada dos poucos cabelos contrastava com a pele amarelada da medicação. 

Já Deinha tinha 46 anos quando veio o resultado confirmado do câncer. O filhote Andrei acompanhava toda a rotina do tratamento no alto de seus 09 aninhos com a sabedoria de um gigante. Duas irmãs, em tempos diferentes, acometidas pela mesma doença.

Acredito que se fosse nos dias de hoje, minhas irmãs estariam vivas para acompanhar uma plenária do último ASCO – o maior congresso de oncologia clínica mundial – e aplaudir de pé a Dra. Shanu Modi. A médica oncologista apresentou o resultado do estudo DESTINY-Breast04, uma inovação na ciência. Explico aqui em poucas palavras, que se trata de uma nova classificação de câncer de mama metastático, o her2-low. 

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Marcelle Medeiros, Fundadora e CEO da Fundação Laço Rosa
Marcelle Medeiros, Fundadora e CEO da Fundação Laço Rosa (Fundação Laço Rosa/Divulgação)

Este novo estudo, traz um novo protocolo de tratamento com ganho significativo de sobrevida livre de progressão passando de cinco para 10 meses. E antes que você se pergunte o que isso tem de tão importante, vou te contar que um único dia faz diferença na vida de famílias inteiras, como a minha. Especialmente se pensarmos no controle da doença e vida com qualidade.

Sempre me pergunto: Será que estamos fazendo o nosso dever de casa? Será que estamos fazendo o nosso melhor para garantir às mulheres, independentemente de suas classes sociais, o direito à saúde que está escrito na constituição brasileira? Será que estamos educando nossos jovens para reconhecerem os sinais de uma doença que tem 95% de chances de cura? 

E por que em um mês que tanto se fala de câncer de mama aquelas que convivem com a doença que não tem mais cura, pacientes metastáticas, ficam esquecidas? Por que os pacientes que precisam de cuidados paliativos tão necessários ficam de fora dos principais debates oncológicos como se fosse feio falar do que é fundamental? Por que mulheres negras não possuem tantas pesquisas científicas e ainda ficam pelo caminho no velado racismo estrutural? Onde estão as vozes de pacientes LGBTQI+? A complexidade da doença é tão gigante quanto a complexidade do ser humano, por isso escolher as batalhas é fundamental já que não podemos lutar todas as guerras.

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Câncer de mama não é coisa de gente velha. Fato! Até porque, “as velhas” de hoje, são bem mais jovens. Então precisamos entender as angústias, paradigmas, necessidades, vontades e como esse universo se abastece porque é no diálogo que conhecemos o ser humano e para a Laço Rosa esse é um bem precioso demais. Por isso, esse ano criamos a CASA LAÇO ROSA, um espaço de escuta, acolhimento, carinho, amor, partilha, risadas, diversão e muitas histórias. Lugar para falar de assuntos que ninguém fala, do jeito Laço Rosa de ser, bem inovador. 

A gravação de uma websérie que será exibida em capítulos é apenas a cereja do bolo porque importante mesmo são os momentos mágicos que serão criados para as 10 convidadas a viver essa experiência. Coincidência ou não, todas descobriram seus diagnósticos com menos de 30 anos e temos na CASA 50% pacientes primárias e 50% metastáticas com faixa etária abaixo dos quarenta e geografias do RJ, SP, DF, NO. 

São histórias de mulheres valentes que vão desde torcedoras de futebol fanáticas, passando por profissionais talentosas, mães dedicadas, filhas adotadas, mulheres recém-operadas, empreendedoras natas, professora infantil lésbica e isso sem falar dos convidados que visitarão a casa.

É ou não é o retrato do jovem rosto do velho câncer? Cuidar vale a pena. Viver vale a pena!

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