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Flavia Viana

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Bailarina e jornalista, ou jornalista e bailarina. Tanto faz. A coluna fala sobre métodos, histórias, entrevista pessoas, mostra tendências, espetáculos, entre outros assuntos relacionados, mas colocando em tudo isso o mais importante: seu grande amor pela dança

Espetáculos de dança voltam aos palcos em São Paulo

Profissionais contam como serão as apresentações com as regras de distanciamento

Por Flavia Viana
Atualizado em 18 nov 2020, 20h27 - Publicado em 18 nov 2020, 12h20
O Quebra Nozes. (Divulgação via Flavia Viana/Divulgação)
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Após nove meses longe do público presencial, os espetáculos de dança estão de volta aos teatros em novembro. Nos dias 21 e 22 a São Paulo Companhia de Dança (SPCD), o corpo artístico da Secretaria de Cultura e Economia Criativa de SP, retorna aos palcos com direção de Inês Bogéa e gestão da Associação Pró-Dança. A estreia é com o espetáculo Respiro, quarta criação de Cassi Abranches para a companhia.

O retorno requer adaptações e traz desafios. Acostumada a coreografar para grandes grupos e desenvolver duos intrincados, a ex-bailarina do Grupo Corpo se viu diante do desafio de descobrir novas possibilidades de movimento e de uso do espaço devido à necessidade de incorporar o distanciamento social do cotidiano também em cena. “Acho que está todo mundo precisando de um alívio. Esta obra é como um intervalo do tsunami de notícias ruins que nos atingiu. Quero oferecer 15 minutos de boas sensações e tocar as pessoas nesse sentido”, afirma a coreógrafa.

Respiro sugere um momento de suspensão de uma realidade, por vezes, asfixiante. Cassi se inspirou nas sensações de perdas e ganhos percebidas pelos bailarinos durante a pandemia, que vão desde a falta do toque ao reencontro consigo mesmo, e incorporou elementos do Tai Chi Chuan e da meditação à energia de movimentos que é própria de sua assinatura. Embalada pela trilha sonora original criada por Beto Villares com participação de Siba, a coreógrafa conduz o público por uma montanha-russa de vibrações positivas em meio à iluminação criada por Gabriel Pederneiras e figurinos desenvolvidos por Verônica Julian.

Para a diretora Inês Bogéa, retornar aos palcos é uma grande expectativa. “É uma enorme alegria voltar a encontrar os aplausos do nosso querido público, que esteve perto da Companhia de modo online durante estes longos meses de ausência dos palcos. Para as apresentações no Teatro Alfa, o programa foi pensado como uma resposta e um acalanto aos desafios enfrentados por todos no contexto atual. Respiro, a estreia de Cassi Abranches, reflete a vontade de afastar o turbilhão de acontecimentos atuais para apreciar a vida.

Além da estreia, outra obra também repleta de poesia e leveza será apresentada pela primeira vez pela SPCD para o público presencial: Só Tinha de Ser com Você, grande sucesso de Henrique Rodovalho, criado em 2005 para sua companhia, a Quasar Cia de Dança. Na versão assinada pelo coreógrafo goiano para a SPCD, as distâncias entre os bailarinos foram ampliadas e as relações entre eles se constroem a partir de gestos e olhares, sem contatos físicos. A obra apresenta uma sensível e singular releitura coreográfica de músicas do álbum Elis & Tom (1974), de Elis Regina (1945-1982) e Tom Jobim (1927-1994), um clássico da música brasileira. Os figurinos são assinados por Cássio Brasil e a cenografia fica a cargo de Letycia Rossi.

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Espetáculo Só Tinha de Ser com Você, de Henrique Rodovalho.
Espetáculo Só Tinha de Ser com Você. (Fernanda Kirmayr/Divulgação)

“Já estive no palco após o período de quarentena em um espetáculo com transmissão ao vivo, foi bom, mas, foi diferente o silêncio no teatro, mas com certeza ter o público perto da gente é outra coisa. É uma troca incrível. Nossa dança é emoção para eles, e a energia deles para nós. Sem contar os aplausos calorosos que iremos escutar outra vez. Dançar Só tinha de ser com você é um acalanto para o coração. As músicas de Elis e Tom fazem um carinho na alma e a coreografia de Henrique Rodovalho é fluida, orgânica, prazerosa. Um deleite. Respiro veio para eu trabalhar minha ansiedade e calmaria no meio de tanta agilidade e precisão. Eu adoro trabalhar com a Cassi Abranches. Ela é cheia de amor, alegria e vibra nos ensaios. Espero que tudo isso chegue até a plateia”, compartilha a bailarina da companhia Thamiris Prata.

Thamiris Prata em Só Tinha de Ser com Você, de Henrique Rodovalho.
Thamiris Prata em Só Tinha de Ser com Você, de Henrique Rodovalho. (Foto: Fernanda Kirmayr/Divulgação)
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Yoshi Suzuki atualmente um dos maiores bailarinos do país e que também compõem o elenco da SPCD diz que a plateia é o espelho da alma… “Plateia para mim, funciona como um espelho na alma de um artista. Não dizendo que durante os espetáculos e performances que nós da SPCD fizemos de modo virtual para a plateia online não tenha sido a mesma coisa. Eu acho, inclusive, que foi uma grande descoberta, porque é uma forma de não privar o espectador de assistir de qualquer lugar e não apenas no Teatro. Então, eu acho que esse entendimento é uma coisa que a gente tem que levar para sempre, mas é sempre bom ter uma plateia, com certeza”, explica o bailarino.

Yoshi Suzuki em Só Tinha de Ser com Você, de Henrique Rodovalho.
Yoshi Suzuki em Só Tinha de Ser com Você. (Foto: Fernanda Kirmayr/Divulgação)

“Só Tinha de Ser com Você é um clássico da Quasar Cia de Dança e para nós, bailarinos da SPCD, é uma responsabilidade representar essa obra porque ela carrega toda uma técnica e um entendimento dessa companhia. Então, para nós, o mais importante no começo de tudo era pensar que é uma obra para a São Paulo Companhia de Dança com bailarinos da São Paulo Companhia de Dança, mas que a técnica e a qualidade da Quasar pudesse ser vista nessa obra. Foi um grande desafio, mas é uma obra muito gostosa de dançar. Para mim, é uma masterpiece do Henrique Rodovalho. E em Respiro, a Cassi Abranches trouxe para gente ideias do que nos fez falta e o que nos fez passar por esse período que foi a quarentena. Assim, ela trabalha com essa de bem-estar, trazendo uma ideia de acalmar a alma, de reflexão. Para mim, foi um grande desafio nesse sentido de trazer essas sensações na dança; a Cassi pensou no Tai Chi Chuan, que eu tive que aprender do zero a técnica para poder fazer o solo de Respiro, que eu acho que o público vai gostar bastante”, finaliza Suzuki.

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Quem também retorna com as apresentações presenciais é a Cisne Negro Companhia de Dança nos dias 28 e 29 de novembro no Teatro Santander com o espetáculo Festival Cortinas Abertas – Espetáculo A magia do Quebra Nozes – II Ato do ballet O Quebra Nozes, e nos dias 18, 19 e 20 de dezembro no Teatro Alfa, o II Ato de O Quebra Nozes e a obra Cânticos Místicos, de Haendel, ambos com direção de Dany Bitencourt. “Nos sentimos privilegiados e abençoados por conseguir realizar esta tradição de Natal em São Paulo, mesmo sendo em um formato diferente, sem prólogo, Iº ato e com elenco reduzido, mas infelizmente são essas as condições e protocolos necessários para este momento”, explica Dany que há mais de 40 anos apresenta o tradicional conto de Natal ‘O Quebra Nozes’ em São Paulo.

O Quebra Nozes
O Quebra Nozes. (Divulgação via Flavia Viana/Divulgação)
O-Quebra-Nozes
O Quebra Nozes. (Divulgação via Flavia Viana/Divulgação)
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Devido à pandemia os teatros trabalharão com 40% de ocupação dentro de sua capacidade máxima e cumprindo todas as normas de segurança contra a Covid-19. As apresentações terão a bailarina Ana Botafogo como mestre de cerimônia e também a participação dos solistas convidados Cícero Gomes, primeiro bailarino do Theatro do Rio de Janeiro e da bailarina Marcia Jaqueline, que dançarão junto ao elenco da companhia.

“O prólogo e o 1º ato contam com a participação de elenco infantil e juvenil, então tiramos essas cenas para evitar um número grande de pessoas no palco simultaneamente. Além disso, seria necessário mais técnicos, maquinistas e outras pessoas para realizar a troca do cenário, assim aumentando o número de pessoas nos bastidores (reduzindo a equipe de produção). Temos a sensação de estar produzindo o nosso primeiro O Quebra-Nozes, com um frio na barriga, além de ser uma estreia tão esperada pelo elenco e público”, explica a diretora sobre a não apresentação do repertório inteiro esse ano devido à pandemia. Para Dany, elenco e convidados o momento é de dedicação e de enxergar o lado positivo, além de toda a realização, afinal de contas, o ballet mais tradicional e familiar do mundo não será apresentado na maioria dos países e companhias do planeta devido ao Covid-19, foram todos cancelados.

O Quebra Nozes
O Quebra Nozes. (Divulgação via Flavia Viana/Divulgação)
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O Quebra Nozes. (Divulgação via Flavia Viana/Divulgação)

“O lado positivo é que em um momento tão difícil para todos os afetados pela pandemia, esses possam ter momentos de arte, esperança e paz, através da emoção que é colocada pelos bailarinos em cena. Só o fato de estarmos no palco com O Quebra-Nozes, com música de Tchaikovsky, nos ilumina e nos enche de fé e amor. Está sendo uma realização em diversos sentidos, que acalenta a alma em plena pandemia”, finaliza Dany Bittencourt.

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