32 anos depois, novela Pantanal estreia na Globo
O remake mais aguardado de todos os tempos, a novela Pantanal estreia hoje às 21h na TV Globo
No ano de 1990, na extinta TV Manchete, estreava uma das novelas de maior sucesso e audiência da história da teledramaturgia brasileira. Escrita por Benedito Rui Barbosa e dirigida por Jayme Monjardim, Pantanal marcou época e também o coração de quem acompanhou, viu e sentiu a história do peão José Leôncio, do seu filho Joventino e da filha da mulher que virava onça, Juma Marruá. “O sucesso da Juma foi absolutamente surpresa para mim, não esperava nada; apenas queria fazer aquela personagem tão rica e tão incrível que estava no texto do Benedito. Lutei muito por ela!”, relembra a atriz Cristiana Oliveira que fez o papel da primeira Juma.
Com a novela, o Bioma Pantanal, uma das maiores biodiversidades do planeta, ganhou notoriedade e passou a ser conhecido. Grandes atores foram lançados através da trama, e o autor Benedito Rui Barbosa realizou o seu sonho quando visitou o lugar. Ele começou a escrever no dia em que viu um pôr do sol no Pantanal. “Os passarinhos passavam por cima de mim, foi aí que comecei a escrever, foi naquele dia”, relembra ele após 32 anos.
Bruno Luperi, neto de Benedito, estudou e se dedicou muito para fazer a adaptação para os dias de hoje. “A raiz e o DNA desta obra é dele, foram personagens que ele concebeu. Eu estou cuidando. O desafio dele foi maior, mas a nossa responsabilidade é maior em como as pessoas entenderão que o Pantanal é um sistema muito sensível, um ecossistema muito delicado”, fala Luperi emocionado. Na opinião dele, a novela vem para abrir discussões, inclusive sobre a preservação do meio ambiente. “A novela hoje será muito mais importante que há 30 anos atrás, ela vem com essa missão”, explica.
Maria Bethânia embala e declama com sua dramaticidade, força, expressão e paixão a trilha principal da abertura da novela ao lado de um dos maiores músicos do país e que faz parte desta história desde a primeira versão de Pantanal, o violeiro Almir Sater. A música central de abertura foi uma adaptação da canção original. O Almir leva através dela a cultura do Pantanal, um tom brejeiro através de sua viola, algo totalmente genuíno.
“É uma música inspirada do fundo do coração do Brasil. Uma gravação que me comoveu muito porque voltei a cantar com a viola do Almir Sater, isso é muito importante. Almir é um dos maiores músicos do Brasil, um grande compositor. Uma honra e uma alegria esse convite, é uma música poderosa, uma música forte”, conclui Bethânia emocionada.
Almir Sater e seu filho Gabriel dão as boas-vindas ao elenco do remake mais esperado dos últimos tempos. O músico e ator é do estado do MS e possui fazendas na região, e Gabriel, seu filho, apesar de paulistano, tem o coração pantaneiro. “Me sinto um paulistano de coração pantaneiro”, diz. Habituados com o ambiente, ambos literalmente abriram a porteira para todos entrarem e experimentarem do sentimento que é estar ali.
Almir passa o bastão, e Gabriel assume o papel de Trindade, o peão misterioso que aparece na fazenda de José Leôncio, que em 1990 lançou Almir na TV e que na nova versão passa a ser de seu filho. “Tive a felicidade de participar dessa novela histórica que foi Pantanal”, relembra o “peão” que será o chalaneiro Eugênio nesta nova versão, além do envolvimento como músico na trilha sonora da novela.
Há alguns anos se fala na possibilidade de um remake de Pantanal, que finalmente saiu e que está sendo gravado no mesmo casarão construído no século 19. A movimentação para a estreia nesta segunda-feira (28) é grande, todos empenhados e mobilizados, além visivelmente emocionados, da técnica ao grande elenco. Caracterização e cenários fiéis, cheios de detalhes e muito respeito. O Pantanal “contaminou” positivamente a todos, e a emoção é bonita de se ver. Há tempos que a emissora não passa por um momento assim, o sentimento é nítido em cada resposta do elenco.
“Quando eu pisei no Pantanal, entendi a grandiosidade que é aquele lugar. Mergulhei em rios, os animais, que sempre tivemos muito respeito e cuidado, as comidas deliciosas, o pessoal de lá, que foi extremamente gentil e carinhoso com a gente…Tudo uma delícia! Fui para a fazenda do Almir Sater. Ele, sua esposa Paula, o Gabriel Sater e todo o pessoal que nos recebeu lá, com uma big feijoada (meu prato preferido), mergulhar naquele rio, passar a tarde cantando com eles, foi um dos momentos mais especiais da minha vida, vivi uma semana (especialmente nesse dia) em estado de poesia. O Pantanal vai ficar pra sempre no meu coração. E quero voltar assim que der”, exalta a atriz Malu Rodrigues, que fará a personagem Irma na primeira fase da novela e que não conhecia a região.
Paula Barbosa, também neta de Benedito, está no elenco. Muito emocionada, fará o papel de Zefa, par romântico de José Loreto, que será Tadeu, filho de José Leôncio que na versão original de 1990 foi vivido pelo ator Marcos Palmeira.
“Eu lembro quando eu desci do avião a primeira vez em 1990. Eu tinha 27 anos de idade e estava completamente deslumbrado com as araras voando. Depois de tanto tempo voltar foi uma mistura de sentimentos, muita alegria, lembranças maravilhosas. Eu já chorei muito o que eu tinha para chorar aqui”, enfatiza Marcos, que nesse remake será José Leôncio, pai de seu antigo personagem.
Com a direção de Rogério Gomes, o “Papinha”, Pantanal mais uma vez lança novos talentos como a “nova” Juma Marruá, que será vivida por Alanis Guillen, e que terá como mãe a veterana Juliana Paes na pele de Maria Marruá, a mulher que vira a temida onça pintada e símbolo do Pantanal. “A Juma e o Pantanal estão fazendo eu soltar as coleiras do bicho que todos somos”, completa o par romântico do ator Jesuíta Barbosa, o “novo” Jove nessa versão da novela.
“A maior força da natureza é o amor”. Esse é o slogan usado pela TV Globo, que em sua essência, faz do Pantanal o maior protagonista desta novela. Uma terra de extremos que está impressa em cada ator, personagem e equipe, mas que a partir de hoje passará a fazer parte de todos nós ao som do berrante pantaneiro e dessa natureza indiscutivelmente contagiante e exuberante, que com preservação, cuidado e respeito nos contará através de novos e “velhos” atores e seus personagens as margens do Rio Negro, suas histórias, e que promete ser novamente um sucesso inesquecível.