São Paulo, 27 de junho de 2020
Alguns especialistas estão dizendo que a quarentena tem impactado em nossos sonhos. Sim, estamos sonhando mais tragédias, mais desconexões, mais sonhos loucos e mais o desejado, por mais estranho que ele seja. E eu sonhei com a Beyoncé e decidi dividir essa experiência com você.
No sonho, lá por 2018, Beyoncé havia sido presa. Eu não sei os motivos, o sonho não os deixou claros para mim. Mas parecia algo do absurdo, do inacreditável, porque eu sempre me sentia tremendamente ultrajada quando pensava nas motivações para aquilo. Em alguns segundos, que pareceram meses, éramos milhões nas ruas pela liberdade de Beyoncé. As marchas começavam com o hino contra o sistema prisional e o racismo Freedom e íamos ao delírio. Eu e minhas amigas tínhamos todas as coreografias na ponta da língua e sempre encerrávamos o ato-parade com Who Run the World. O sentimento no sonho era de que era sempre épico. Por algum motivo, Jay-Z não estava conosco. Não apareceu o sonho todo. Mas Blue, a filha, era uma líder importante no processo. Ela nos trazia mensagens de Beyoncé do cárcere todas as semanas. A luta não parava. Era frenética. Avançamos para ações diretas: quebramos algumas vidraças de bancos, queimamos alguns departamentos de polícia e vínhamos na crescente. O movimento ficou impossível de ser detido ou ignorado. E criávamos uma zona neutra em algum centro de cidade, que eu não lembro qual era. Mas podia ser Nova York, Boston, São Paulo ou Curitiba. Ali, funcionavam as “Leis Beyoncé” e testamos o mundo perfeito alternativo. De repente, o sonho pulou no tempo e já estávamos aguardando a libertação de Beyoncé. Tensas, aguardávamos acompanhando pela tevê. Por algum motivo, eu não estava na Beyonceland, mas na Argentina. Mas pude comemorar com minhas amigas e amigos, escutando todos os CDs durante toda a noite em comemoração. Enfim, Beyoncé estava livre.
O sonho terminou de modo incrível. Para vocês terem ideia, eu acordei sorrindo. Eu estava em uma reunião com a Beyoncé, ela queria me ouvir, saber como poderíamos continuar a revolução musical mundial. E, tremendo, eu começava a falar. Meio sem olhar diretamente para Beyoncé, mas para os lados, para o meu caderninho, para o móvel de madeira lindo ao fundo. E o sonho terminava com o meu choque e surpresa quando percebia que, enquanto eu falava, Beyoncé anotava o que achava interessante de minha explanação. Gente, era Beyoncé prestando atenção no que eu estava dizendo! O sonho foi interrompido. Minhas irmãs me chamaram para tomar café. E eu sorria como que sonhando acordada.
Acompanhe o “Diário De Uma Quarentener”
Todas as mulheres podem (e devem) assumir postura antirracista