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Por Ana Carolina Coelho. Feminista, mãe, escritora, poeta, dançarina, plantadora de árvores, pesquisadora e professora universitária
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Qual a melhor resposta quando seu filho pergunta se Papai Noel existe?

A colunista Ana Carolina Coelho propõe uma conversa franca entre pais e filhos que promete não acabar com a fantasia do Natal para as crianças

Por Ana Carolina Coelho
29 nov 2021, 11h31

Há alguns dias atrás, li uma reportagem sobre um pai muito chateado porque um colega de turma de seu filho contou que o “Papai Noel” não existia e ele, ao chegar em casa, compartilhou a novidade com seus irmãos. A história ganhou grande proporções e repercussão em tempos de mídias sociais e, com tanta coisa realmente mais relevante acontecendo no mundo, essa pode ser considerada uma querela bem pequena e insignificante. No entanto, uma questão me chamou a atenção com bastante intensidade e eu observei o debate pensando na ação que originou toda essa comoção: a conversa.

É exatamente a falta de conversa entre crianças e pessoas adultas a causa de tantos ruídos em nossas relações. O “pai ofendido” não sabia o que dizer ao filho e a “mãe” do outro menino estava procurando ajuda com OUTROS pais e mães para saber como lidar com a situação de constrangimento que seu filho estava sendo acusado de ter causado ao “destruir” a fantasia de seu colega sobre o velhinho presenteador, mesmo sem ter tido nenhuma intenção de fazê-lo. Só que em momento algum as crianças estavam sendo ouvidas. A conversa passou para o círculo dos adultos e a partir daí qualquer pensamento, ideia ou vontade dos pequenos foram desconsiderados.

Crianças são pessoas e a curiosidade é uma marca de nossa existência. Gostamos de boas histórias, de notícias, de fofocas e de conhecimentos. Elas estabelecem comunicação, em qualquer idade ou até sem falar a mesma língua – com gestos, expressões e sorrisos – e, em pouco tempo, estão brincando, correndo e rindo juntas. Desmontam brinquedos para ver como a roda funciona e misturam cores nos desenhos, fascinadas com os “poderes” de transformar azul com verde em marrom e, vermelho com branco em rosa. Crianças são magia encarnada que, em geral, falam o tempo todo. O. Tempo. Todo. Elas narram suas descobertas e conquistas com a mesma alegria com que as pessoas adultas celebram um prêmio. Elas dividem seus saberes, anunciam para o mundo que agora sabem colocar uma blusa ou mostram suas pinturas com um orgulho artístico genuíno. Por isso, é completamente natural que o menino que “descobriu a verdade” sobre o velhinho do Natal tenha conversado com seus amigos, para compartilhar sua grande conquista.

Eu me recordo como a minha luz da noite mais velha, curiosa como um esquilo, veio me questionar com uma postura bem desafiadora de “não minta para mim”, se o Papai Noel existia. Eu estava sentada na rede da varanda e disse: “Sim e Não”. E contei a história que ouvi de meus pais, quando eu era criança, de um senhor chamado Noel que viveu há muitos anos atrás e adorava presentear toda a vila no final de dezembro com brinquedos. Depois de sua morte, a pequena cidade continuou a tradição colocando os presentes no sapato das crianças, honrando a memória do bondoso homem.

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Eu sou historiadora e confesso que nunca quis verificar a veracidade desta lenda ou suas origens. A Ana Carolina criança lembra de estar com um presente nas mãos no colo do pai e recebendo abraços. O Noel que nasceu dentro de mim esteve para sempre ligado à ideia de que tradições devem ser honrarias feitas às boas pessoas e suas ações coletivas de generosidade. Em uma conversa honesta e carinhosa para saber sobre a existência do Papai Noel, eu pude ser capaz de recriar significados únicos para essa data. O Natal ainda é uma das datas que eu mais gosto de comemorar e, conforme “Cronos” arranca folhas da árvore da vida, eu entendo cada vez mais a força de honrar as boas histórias.

Minha pequena Rosa, no auge de seus oito anos, ouviu a minha explicação e simplesmente disse: “se eu quiser, mesmo sabendo de tudo, posso continuar acreditando no Papai Noel?”, e eu respondi: “Durante o tempo que você quiser.” E ela saiu pulando pela casa feliz, sua marca registrada.

Imagino que cada família tenha seus próprios significados sobre a data e muitas formas de celebrá-la. E assim, com uma história sobre generosidade e tradição e uma boa conversa, duas gerações souberam a “verdade” e continuaram a amar a magia das luzes, do encontro, da força de honrar as pessoas que viveram antes de nós e a nunca desconsiderar o poder mágico do diálogo. Crianças sabem disso e eu me pergunto: por que as pessoas adultas esqueceram que o melhor caminho para viver é aquele em que, de alguma forma, estabelecemos comunicação? É possível sermos melhores, sempre! Dias Mulheres virão! Vamos conversar?

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Se quiser entrar em contato comigo, Ana Carolina Coelho, mande um e-mail para:

ana.cronicasdemae@gmail.com  Instagram: @anacarolinacoelho79

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