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Por Ana Carolina Coelho. Feminista, mãe, escritora, poeta, dançarina, plantadora de árvores, pesquisadora e professora universitária
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A parte que me falta está em mim e não em minhas crias

A parte que nos falta é a superação social da herança patriarcal da “culpa” materna

Por Ana Carolina Coelho
25 jul 2022, 10h38

Estamos de férias. Quer dizer, minhas crias estão de férias e nós, mães e pais, seguimos trabalhando. Se já é um malabarismo conciliar a vida em dias letivos, quando as férias/trabalho estão desencontradas, a vida é um verdadeiro nó de marinheiro em dia de mar revolto. E porque não adicionar a isso crianças doentes, pronto socorro e a necessidade de uma cirurgia? Afinal, a infalível lei de Murphy está sempre a postos em nossos maternares. 

Minha pequena internada e eu pensando nas tarefas atrasadas, na live que desmarquei, nos compromissos cancelados e nas cobranças impostas em todos os ombros maternos: produzir como se as crianças não existissem e, quando as priorizamos, nos sentimos culpadas. Somos programadas para falar como se devêssemos ao mundo alguma explicação de “desculpas” por não estarmos em nossas funções laborais, sendo que estamos, uma vez que cuidar de crianças é trabalho não-remunerado nomeado de “amor materno”. A feminização dos cuidados sempre cobra seu preço, mesmo que tenhamos todas as leituras e educação formal, porque a “culpa” está na ordem das emoções internalizadas, não-racionais, que nos tomam de assalto no momento em que achamos que temos “tudo sob controle”. 

É por isso que o devir feminista se constrói todos os dias. Recebi mensagens de carinho, apoio e, em especial, uma que me dizia explicitamente “não se culpe e não se cobre de mais nada, vá cuidar da sua pequena!”. Sábias palavras de uma grande amiga que entende o aflorar dessas emoções maternas não alforriadas de nossas heranças patriarcais.

Ando, portanto, lenta e vagarosa em palavras e reflexões. Vejo-me cuidadora e exausta. Alguém que também necessita de cuidados para conseguir prosseguir. Esse é o peso de uma equação que não fecha em nossa sociedade. Mães são cobradas a produzirem como se estivessem inteiras, mas estamos aos pedaços. E a parte que nos falta não são nossas crias, mas nós mesmas que somos rasgadas, arrancadas aos pedaços pelo caminho das maternidades e seguimos cheias de cicatrizes, de feridas e encharcadas de culpa em nossas existências e desistências. 

Nossas crianças são maravilhosas e seres humanos independentes de nós. São pessoas inteiras também. Se adoecem, precisam de cuidados. Essa história de que a parte que falta em mim se completa na maternidade alimenta o “mito da super-heroína” que supera as adversidades, faz tudo e sempre está disponível. A verdade é que isso em nada contribui para as mudanças nas tarefas do “cuidar” que precisamos realizar urgentemente: divisão equitativa nos lares e comunidades, discussões sobre políticas públicas e tantas outras medidas para que, afinal, possamos gritar internamente “independência” da culpa que nos consome, seja lá qual a opção (e não coerção social) decidimos realizar em nossas experiências maternas. A parte que nos falta é a superação social da herança patriarcal da “culpa” materna. E a parte que me cabe hoje é conversar sempre, porque afinal, “mães, estamos fazendo o melhor que podemos, não se cobrem e não se culpem! Cuidem das suas crias e de vocês. E vamos juntas!” É possível sermos melhores, sempre! Dias Mulheres virão!

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