Companheiro das mulheres, o medo limita e precisa ser superado
Nessa edição, refleti sobre o medo que muitas vezes acompanha as mulheres e impede que realizemos sonhos
á me achei medrosa muitas vezes – e sempre me condenei por isso. Quando podia, me forçava a encarar de frente a situação que me assustava. Foi assim que, aos 18, fui morar fora do país sozinha e, alguns anos depois, embarquei para um mochilão solo.
Também encarei uma trilha de três dias com mochila nas costas e zero sinal de telefone ou celular – acabou sendo uma delícia, mas morria de medo que meu preparo físico não desse conta. Eu já era mais velha quando admiti que, na verdade, sou muito corajosa.
É o mundo que fica insistindo para a gente sentir medo. Faz sentido, já que não é um lugar feito por mulheres nem para mulheres. Os riscos, para nós, muitas vezes são reais e não é incomum virarmos vítimas. Mas, para cada vez que penso em deixar de fazer algo por medo, encontro uma mulher muito potente que me inspira a ir pelo caminho contrário.
Para produzir essa edição, tive o prazer de conhecer duas delas. Primeiro, no papo com Claudia Raia, ela disparou: “Minha mãe me criou para ser destemida. O medo paralisa, prefiro pular sem rede de proteção”.
A frase me impactou tanto que, depois, ouvindo a gravação, ri da minha própria reação. Respondi: “Que bonito isso, Claudia”. É linda mesmo a ideia de ter sido criada para não temer. E mostra o poder dos nossos pais em nos inspirar a desbravar o mundo e transformar a sociedade – ou para desafiar nossos medos e pular de paraquedas, aprender a dirigir e tantas outras coisas que nós evitamos.
Claudia também falou de romper barreiras sem esperar a aprovação de ninguém, outra revolução feminina, e suas palavras entram em sintonia com a entrevista dada pela senadora Simone Tebet. Quanta resistência tem essa mulher que se manteve inabalável diante da CPI que chacoalha o país e causa uma montanha-russa diária de emoções!
A advogada, que ganhou o nome por causa de Simone de Beauvoir, não teme as estruturas que tentam oprimi-la. Ela também não se assusta com colegas gritando nem receia se posicionar, mesmo numa situação política tão bélica e polarizada. Claudia e Simone, exemplos tão diferentes de força e valentia, mas que me inspiraram a seguir na luta contra o medo que tenta me deter. Espero que essa bravura também alcance você depois da leitura.
Um beijo,
Isa
Editora-chefe