A vida secreta dos seus filhos na internet
Você sabe o que são os perfis dix? Pergunte ao pré-adolescente mais próximo. Ele saberá.
Que os pré-adolescentes estão todos nas redes sociais já sabemos, certo? Sabemos também que em algumas redes eles nem poderiam estar (Instagram e Musical.ly por exemplo, determinam 13 anos como idade mínima para criação de um perfil). E por fim, estamos todos de acordo que é preciso estar por perto, orientar e observar que tipo de informação circula nesse ambiente.
Todos seguros então. Estamos de olho no que eles têm postado, conversado, comentado, já que temos acesso livre a suas andanças pelos aplicativos da vida. Certeza? O que talvez nem todos saibam é que além do perfil oficial, aberto para a família, os professores e o grande grupo de amigos, muitas crianças (provavelmente seu filho incluído) têm um segundo perfil. E é nesse outro que as coisas acontecem. São os perfis dix.
Eles são fechados, só para os muy amigos. E a extroversão adolescente, os memes de gosto duvidoso, as hashtags incompreensíveis, os papinhos daqueles que a gente não imagina ouvir – estão todos lá. Eita! E agora?
Segundo Fabiany Lima, fundadora do Timokids e pesquisadora da participação das crianças no mundo digital, se você digitou @nomedoseufilho_dix e chegou em algum lugar, vale pesquisar o porquê da criação desse segundo perfil. Vale inclusive pensar se a fiscalização excessiva dos pais não foi justamente o gatilho para o movimento. “Eu trocaria o conceito de fiscalizar (ver se está fazendo algo errado) por acompanhar (estar atento para o caso da criança precisar de alguma orientação)”, reforça Fabiany.
Sim, há de respeitar a privacidade dos filhos. Mas avaliar a capacidade de discernimento de acordo com a maturidade de cada um é importante. De nada adianta proibir o perfil dix, vigiar cada postagem e comentário. Eles vão criar outro com outro nome, e outro, e outro… E no mais, alguns assuntos não nos pertencem mesmo. O que é de fato necessário/obrigatório é alertar sobre o que há de perigoso nas redes e garantir que aquele manualzinho básico de segurança esteja na ponta da língua das crianças.
1. Geolocalização desativada – sem acordo
2. Conta bloqueada – outro inegociável
3. Por mais que sua conta seja bloqueada, conteúdo impróprio e ofensivo não pode. Fora de cogitação. Vale para a vida inteira (dentro ou fora da rede).
4. Digo para as minhas meninas que fotos na internet são como uma pessoa gripada dentro do metrô lotado às 6 da tarde: máximo potencial para viralizar. Portanto, se a foto que você quer postar não poder ser vista por uma única pessoa na face terra (pode ser um amigo, seus pais, professores, porteiros do prédio, colega do inglês) não poste. Todo celular faz print de tela e aplicativos que apagam as fotos em 24hs não são garantia de nada.
5. O mesmo vale para as mensagens. WhatsApp também é registro. Quer dizer alguma coisa, mas não quer registrar. Fale pessoalmente e pronto.
Penso que essa autonomia (orientada) vale para pré-adolescentes. Crianças menores precisam mesmo de nossa supervisão próxima. Fabiano Ferreira, diretor de residential solutions da Tim Brasil aposta em diálogo e transparência aliados a tecnologia. “Há diversas maneiras de acompanhar o uso dos filhos para que tenham uma navegação segura. Recentemente, incluímos no portfólio de planos o TIM Protect Filhos. O serviço oferece histórico de acesso a aplicativos e sites, bloqueio de portais inapropriados e perfis personalizados por criança, de acordo com a idade e necessidade de cada um.”
‘De acordo com a necessidade de cada um’ me parece ser a chave do negócio. Mesmo um adolescente pode precisar de uma ajuda mais próxima em uma fase ou outra. Na dúvida, repetir o manual, estar junto e acreditar na educação e nas orientações que damos aos nossos filhos todos os dia é receita certeira. Repetir, estar junto e acreditar. Funciona para quase tudo. Sigamos.