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Cynthia de Almeida

Por Mulher S.A. Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Coluna da jornalista e estudiosa do comportamento feminino Cynthia de Almeida

A rede no lugar do mentor

Diferentemente dos caminhos lineares que as gerações passadas percorriam, os novos talentos formatam suas carreiras em trajetórias randômicas

Por Da Redação
20 fev 2018, 23h46
 (Jacob Ammentorp Lund/ThinkStock)
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E quem é o seu mentor? Essa pergunta foi feita em um painel sobre empreendedorismo feminino da consultoria internacional KPMG, que reuniu mulheres millennials muito bem-sucedidas nas respectivas carreiras. A resposta foi surpreendente: ninguém ali tinha ou tivera um mentor para chamar de seu. Como assim? Por que aquelas jovens brilhantes, atuantes nas áreas de educação e finanças, todas com um pé fincado na tecnologia, chegaram lá sem a figura que o mundo corporativo e do empreendedorismo considera vital para o desenvolvimento profissional?

A resposta foi dada pelas próprias painelistas e revela que há uma grande mudança no conceito de mentoria, o que pode nos inspirar na busca de apoio para realizar nosso trabalho. Aquelas jovens, e muitas outras com quem conversei logo depois, não tinham um mentor, mas dispunham de uma rede deles, entre chefes, pares, parceiros e amigos. Faz sentido.

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Diferentemente dos caminhos lineares que as gerações passadas percorriam ao longo da vida, os novos talentos formatam suas carreiras em trajetórias randômicas. Começam pelo topo, voltam ao início, pulam algumas casas, trocam de área e retornam à largada de novo. Enfim, quem serve como mentor para esse percurso multifacetado, com tantas camadas e mudanças de rota? Ninguém. E, ao mesmo tempo, muita gente.

Os novos modelos e as múltiplas opções de trabalho facilitam nossa vida, mas aumentam a responsabilidade individual e a necessidade de saber fazer as perguntas certas. Antes de buscar ajuda, precisamos entender para quê. Descobrir onde estão nossas maiores fragilidades, o que ainda é essencial aprender e para qual finalidade. Era mais simples quando nos aproximávamos de um profissional respeitado e experiente, cujos passos podíamos seguir, com quem devíamos aprender.

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O papel de pupila nos proporcionava o conforto de absorver o conhecimento oferecido – alguém tinha ido na frente para contar para nós como era. Hoje, para dispor de uma rede em substituição ao mentor, é preciso que a gente desvende primeiro o que queremos saber. Com o que cada pessoa pode contribuir para nossa vida? Há o mentor financeiro e aquele da inteligência emocional, que nos ajuda em situações de decisão e conflito.

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Provavelmente, tem outro com uma bagagem técnica mais respeitável. A rede de mentoria não diminui o valor da senioridade dos “gurus” que elegemos para ouvir. Pelo contrário, a experiência de quem já acertou (e errou) bastante é preciosa para quem está em pontos anteriores da jornada. Embora essa prática da rede no lugar do indivíduo faça sentido, há um dado demonstrado em pesquisas que expressa que ainda existe certa carência da figura tradicional do mentor.

Segundo recente estudo sobre a força de trabalho feminino no setor de tecnologia conduzido pela auditoria internacional Isaca, a maior barreira vivenciada por mulheres nessa área é exatamente a ausência de um mentor, seguida de falta de modelos de liderança. O que se conclui com base nos dados é que, quanto mais árido e minado o terreno, mais o mentor tem um papel importante. Não apenas para transmitir conhecimento mas também para servir como rede de proteção necessária contra o viés de gênero.

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Os programas de mentoria e o acesso às diferentes competências que gente experiente e bem posicionada pode oferecer continuam relevantes. O caminho até os mentores e seu conhecimento é que se tornou mais complexo, como tudo na vida. Mas isso a gente já sabia.

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