Conheça as mulheres que foram destaque no Rio Innovation Week
Do hype da inteligência artificial a direitos humanos, evento reuniu mais de 3 mil palestrantes em 28 palcos simultâneos
Nesta edição de CLAUDIA Carreiras & Negócios conheça um pouco mais sobre a física e ativista Vandana Shiva, a ganhadora do Nobel da Paz Nadia Murad, a médica e pesquisadora Adana Kambeba, a empreendedora Adriana Barbosa e a investidora Camila Farani.
Elas subiram ao palco do Rio Innovation Week 2024, que aconteceu neste mês de agosto, no Pier Mauá, no Rio de Janeiro. Com agenda anual, o RIW vem reforçando a cidade como um polo de inovação e criatividade. O evento recebeu cerca de 150 mil visitantes durante uma semana e reuniu mais de 3 mil palestrantes em 28 palcos simultâneos.
Vandana Shiva
Na palestra “A Sabedoria da Terra: Lições de Vandana Shiva para o Mundo”, a indiana Vandana Shiva, filósofa e ativista ambiental de destaque internacional, afirmou: “Entendeu-se que a terra é inferior aos seres humanos, que outros seres são inferiores aos seres humanos. Eu chamo essa ideia de separação, eu chamo isso de apartheid ecológico. É a ideia de que somos separados da natureza, que a natureza existe para exploração humana. Essa separação começa a influenciar todas as partes da vida”.
Vandana formou-se em física e posteriormente completou seu doutorado na Universidade de Western Ontario, no Canadá, com uma tese sobre ‘Variáveis Ocultas e Não Localidade na Teoria Quântica’. Em 1982, fundou a Fundação de Pesquisa para Ciência, Tecnologia e Ecologia em Dehra Dun, um instituto independente dedicado a pesquisas de alta qualidade sobre questões ecológicas e sociais.
Ao longo de sua carreira, recebeu numerosos prêmios e honrarias, incluindo o Prêmio Nobel Alternativo (Prêmio Right Livelihood) em 1993, o Prêmio Global 500 da ONU e o Sydney Peace Prize em 2010.
Nadia Murad
Ativista ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, Nadia Mura, na palestra “O sentido da vida”, contou sobre a sua luta contra a violência sofrida por mulheres, especialmente em guerras. Reconhecida em todo o mundo,ela é defensora líder dos sobreviventes de genocídio e violência sexual após sobreviver ao terrível Genocídio Yazidi no Iraque perpetrado pelo Estado Islâmico (ISIS).
Desde então, Nadia compartilha sua história para aumentar a conscientização sobre violência de gênero, tornando-se uma forte defensora das mulheres e comunidades que enfrentam brutalidade e abuso extremos. É autora do best-seller do New York Times, ‘The Last Girl: My Story of Captivity, and My Fight Against the Islamic State’.
Compartilhando sua experiência no Rio Innovation Week, ela destacou que aprende “a cada dia a ser uma ativista melhor. Toda vez a gente escuta sobre uma nova guerra, ninguém está falando do Sudão. É importante falar sobre os problemas, nós merecemos justiça, merecemos apoio e viver num mundo sem ter medo de ser mulher”.
Adana Kambeba
Médica e pesquisadora, Adana Kambeba participou da palestra “Mente: Conexões Entre a Ciência e os Saberes Tradicionais na Compreensão da Mente”, com o biólogo e neurocientista, Sidarta Ribeiro. A palestra tratou de questões como a relação entre elementos culturais do povo Kambeba com a medicina ocidental.
Na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Adana foi a 1ª indígena da Amazônia a se formar em medicina na instituição de ensino. É a 1ª mulher do seu povo, até onde se tem conhecimento, em território brasileiro a se formar no curso médico. Também é a 1ª médica do Brasil a conseguir a autorização do registro dos dois nomes (Indígena e Português) no Conselho Federal de Medicina na carteira profissional médica, no carimbo e no site oficial do CFM para consulta pública.
Se tornou a 1º mulher indígena a compor uma das comissões do CFM, a Comissão de Integração de Médicos de Fronteira, para tratar da relação das duas medicinas: Tradicional Indígena e Científica Oficial.
Adriana Barbosa
Uma das 18 lideranças globais que fazem a diferença no mercado de trabalho racial, de acordo com a revista americana TIME, também marcou presença no Rio Innovation Week. Adriana Barbosa, a única brasileira na lista da publicação, é diretora-executiva do PretaHub e fundadora do Festival Feira Preta, maior evento de cultura e empreendedorismo negro da América Latina.
Adriana Barbosa participou de duas palestras: “Aprendizados de líderes virtuosos e transformadores” e “Liderança inclusiva e inovação: O papel dos líderes na promoção de uma cultura inclusiva que fomente a inovação e a criatividade em toda a organização”.
A diretora-executiva do PretaHub, fez uma avaliação sobre a pressa dos nossos dias: “Eu acho que temos um tempo muito acelerado e não nos disponibilizamos para ouvir. Uma escuta qualificada é fundamental. Um bom líder é aquele que consegue identificar um bom talento e o deixa liderar”.
Camila Farani
Camila Farani, presidente da G2 Capital, boutique de investimento em tecnologia, foi eleita uma das 500 pessoas mais influentes da América Latina pela Bloomberg Línea. Teve um espaço especial no RIW, o Farani Stage, onde recebeu pessoas como Caito Maia, fundador da Chilli Beans; Sabrina Sato, apresentadora, modelo e empresária; Matheus Costa, influenciador digital; e Sean Ellis, criador do conceito “growth hacking”.
Confira algumas falas de mulheres que estiveram nos palcos no Rio Innovation Week
“A inteligência verdadeira é flexível e proativa, capaz de se antecipar e agir em função de valores, o que não ocorre com a inteligência artificial”, afirmou Suzana Herculano, neurocientista, no painel “Desvendando o Cérebro Humano: Novas Descobertas e Perspectivas”.
“Os novos modelos econômicos têm que assegurar a diversidade e também a aceitação das mulheres, que são fundamentais. Conhecemos muitas mulheres incríveis que estão trazendo inovações. (…) Os salários dos CEOs são imorais, por isso a gente fala de tributar a riqueza. (…) Nós temos que ter mais coragem, temos que falar que já deu. Nós sabemos o que precisamos fazer e o que precisamos é ter coragem. Precisamos entender que nossos sistemas estão quebrados”, afirmou Sandrine Dixson-Declève, referência em liderança empresarial e economia sustentável, no painel “Dos Limites do Crescimento a Uma Terra para Todos: ancorando a equidade dentro dos Limites Planetários”.
“Eu não escolhi ser ativista, o ativismo veio até mim. Eu preciso estar presente para combater o capacitismo. A mãe atípica tem um papel social incrível porque ela precisa estar ali no dia a dia para o filho e precisa lutar para combater os preconceitos da sociedade”, afirmou Daiane Gomes, influenciadora e mãe atípica de Heitor, de 8 anos, autista e deficiente físico, no painel “Mosaico Materno: Diversidade na Maternidade”.
“Os privilegiados do mundo precisam liderar as ações de conservação, porque quem não tem o básico não consegue pensar em conservar. A gente depende da conscientização porque as novas gerações precisam já ser a mudança, porque não haverá tempo de mudar”, afirmou Maya Gabeira, surfista de ondas gigantes, no painel “Feminismo, surfe e conservação oceânica: a trajetória de Maya Gabeira”.
“Sempre ouvi falar que é difícil trabalhar em família, mas para mim sempre foi algo facilitador e prazeroso. Porque os meus irmãos me conhecem desde criança. Meu pai disse que a gente não podia se separar. E foi assim que a gente montou a Sato. Há mais de 20 anos. Além do talento e da perseverança, a gente precisa ter uma boa organização de carreira, uma boa gestão. Alguém que te ajude a fazer boas escolhas. Eu e todos os artistas assessorados não teríamos conseguido sem a Karina [irmã]”, afirmou Sabrina Sato, apresentadora e empresária, no painel “De BBB a Empreendedora”:
“Nós temos também vida em ambientes extremos no nosso planeta: desertos, vulcões, fundo oceânico e regiões polares. É nisso que me especializei ao longo da minha vida, microorganismos e vida em ambientes extremos que são os polos do planeta. A principal mensagem de conhecimento que minha pesquisa trouxe foi justamente o que Carl Sagan disse em 1995, e eu trago isso para a minha vida: ‘a ausência de evidência não significa a evidência da ausência’”, afirmou Ema Kuhn, bióloga, no painel “Planeta Terra – Vida Extrema: Explorando os Limites da Existência nos Polos da Terra”.
“Quando você tem um olhar ampliado para você mesmo, você pode sair de onde as pessoas te colocam. Você é muito maior do que imagina ser”, afirmou Pequena Lô, psicóloga e influenciadora, que falou sobre sua experiência como PcD e sua relação com preconceitos na palestra “Diversidade e criatividade – como esses dois mundos se conectam?”.
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