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Tirar férias é tão necessário quanto trabalhar

Liana Pandin Stamm, fundadora do Ateliê de Calças, conta como as pausas foram importantes para o crescimento da empresa

Por Liana Pandin Stamm
31 jul 2019, 14h19
mulher no aeroporto (Kiattisak Lamchan / EyeEm/Getty Images)
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Minha trajetória como empreendedora começou em 2011. Digo que é uma trajetória porque entre colocar no papel e transformar o negócio em realidade se passaram dois anos. Nesses 24 meses, empreendi no que chamamos de terceiro turno, ou seja, à noite e nos fins de semana – aqueles encaixes de tempo entre o trabalho oficial, a pós-graduação, os cuidados com a casa e com a vida.

Em dezembro de 2013, nasceu o Ateliê de Calças, marca dedicada a essa peça essencial e icônica do guarda-roupa com venda online. Foram dias intensos os que antecederam à data em que nosso site entrou no ar. E também o período pós-lançamento até a etiqueta se estabilizar. Conclusão: só consegui tirar férias em agosto de 2015, ainda com o pretexto de que não poderia perder o casamento de uma grande amiga na Espanha.

No início, tudo é inesperado. O processo é desconhecido. Além de desbravar terrenos inéditos, a equipe é enxuta e é muito difícil financeiramente sair fisicamente da empresa. A carga maior (senão total) acaba caindo nas costas do empreendedor. As decisões precisam ser tomadas no momento e as execuções começam no segundo seguinte.

Essa é a realidade da maioria. O poder das escolhas é concentrado em você e existe expectativa sobre o resultado de cada ação que é colocada em prática. Além, é claro, da enorme ansiedade, principalmente pessoal. É até um processo um pouco solitário.

Grande parte dos dez dias de férias na Espanha passei grudada ao telefone. Eu fazia os pagamentos à distância, dava as ordens. E tive uma série de pequenos problemas que não estavam previstos e acabaram consumindo energia.

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Minhas férias seguintes foram em novembro de 2016. Eu me casei em abril do mesmo ano, mas a lua de mel precisou esperar. Foram seis meses até que minha saída breve acontecesse de forma organizada. Deixei tudo estruturado para não prejudicar o momento da empresa. Fiquei 28 dias na Ásia. Também teve trabalho – sinceramente, acho que sempre vai ter –, mas menos do que no ano anterior, na Espanha. Consegui me desapegar um pouco do telefone.

Depois, em agosto de 2017, viajei a trabalho. Eu e uma parte do time fomos até Paris fazer pesquisa na área e desenvolver um projeto de novos modelos. Lembro de sentir enorme gratidão, porque, apesar do ritmo intenso e constante, aquilo representava uma conquista grande. Era legal e diferente.

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Férias são tão essenciais quanto trabalhar. Quando você é funcionária registrada, já tem aquele tempo de férias garantido. Elas vão acontecer com toda certeza. No empreendedorismo, uma coisa emenda na outra. O tempo passa, a companhia cresce, as responsabilidades aumentam e se torna habitual trabalhar sem nem pensar em pausar. A tendência é ficarmos sobrecarregadas e achando absolutamente normal. Só que isso não é saudável. Esse período é fundamental até para renovar as ideias, aquietar a mente e se inspirar para levar essa energia para o negócio.

No Ateliê, respeito muito as datas de férias dos colaboradores para que elas nunca se acumulem. Fazemos rodízio para não saírem todos ao mesmo tempo, dividindo as funções para que ninguém sinta que a carga está pesada demais. Essa dinâmica funciona muito bem para nós! Organizo as demandas de forma que tudo seja dinâmico e flua sem depender de determinada pessoa. É uma maneira de a responsabilidade ficar dividida e de formarmos realmente um time, além de não deixar ninguém preocupado durante a folga.

Estimulo as pessoas a tirar férias porque sei da importância delas, do quanto me fizeram falta. Claro que, no início de um negócio, a atenção dedicada é grande – e deve ser mesmo. Mas, uma vez alcançado o primeiro degrau ou objetivo, dê a si mesma um tempinho de pausa. Seu corpo, sua mente e sua criatividade vão agradecer.

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Liana Pandin Stamm é fundadora e diretora da marca Ateliê de Calças (@ateliedecalcas)

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