Rumo ao Hexa, mas da vida real
O manto da maturidade veio para ser reverenciado. Vai que é sua. Ou melhor, nossa!
Seis vezes campeões. Sim, os sessentões – se multiplicar décadas por 6, caminham para a vitória da vida. Eu que já estou quase lá tenho pensado sobre essa travessia. Se colocar mais quarenta anos – que não é muito – a marca do centenário estará impressa na testa do brasileiro. Sim, envelhecemos. E muito. Seremos um Brasil grisalho e cada vez mais estamos prateados.
Quando entro no transporte público, vou ao supermercado, missa, feira livre e até à praia vejo muita gente mais velha. E olha que moro no Rio de Janeiro, terra de jovens. Nas favelas, dirão, só gente miúda. Mentira. Tem muito, mas muitos coroas por lá. E como estamos jogando? Faltas ou gols? Bola na trave ou pênaltis vitoriosos? Eu que caminho do luxo ao lixo, por gramados que são várzeas nada Catar, vejo que os brasileiros mais velhos não estão muito preparados para esta fase da vida.
Se entupiram de comida ruim, não fizeram aulas de educação financeira, dentes, vista, pança – tudo em desordem. Dirão: apito para esse texto. Mas quero trazer cartão verde neste Maracanã de problemas. Dancinha cura? Só momentaneamente. O que precisamos é de um bom técnico que dite as regras saudáveis para não cairmos nesta poça de problemas que se tornou a velhice.
Eu começo dizendo que precisamos pressionar governos. Começar pelo novo que dará as caras em 1 de janeiro. Precisamos nos organizar para termos voz, ginga, drible. Precisamos de uma multidão gritando em torcida organizada que estamos aqui. Vivos. E que não nos contentamos com peladas e bolas fora. Queremos muitos aplausos. Somos o sal da terra. Somos os Pelés da mocidade que nos sucede. E para isso não há cartão vermelho. Só glórias. O manto da maturidade veio para ser reverenciado. Vai que é sua. Ou melhor, nossa!