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Kika Gama Lobo

Por Kikando na Maturidade Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Focada na maturidade como plataforma pessoal, a jornalista Kika Gama Lobo escreve sobre as sensações e barreiras que as mulheres 50+ vivenciam

Filha da mãe

Hoje olho para a minha genitora com um misto de melancolia e raiva. Mãe, ainda dá tempo. Sejamos sábias

Por Kika Gama Lobo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 10 Maio 2018, 02h10 - Publicado em 10 Maio 2018, 02h09
Mãe e filha  (George Rudy/ThinkStock)
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Sou mãe há quase 21 anos. Duas moças lindas. Sou filha há quase 54 anos. Uma mãe intensa e ciumenta.

Não pretendo ser avó tão cedo. Há muito pouco tempo estou saindo daquela vida panicada de mamadeiras, fraldas, chupetas, seguida de cadernos, uniformes e ônibus escolar. Um pouco mais adiante, pílulas, porres e DR´s e atualmente faculdade, primeiro emprego, intercâmbio…

Vida embolada em duas vidas. Vida lotada de planilhas e gastos. Vida regrada pela vida das minhas meninas. E hoje, duas décadas depois, me afasto do papel de mãe atarefada com as urgências delas e com mais tempo para mim.

O tal ninho vazio -pânico de toda mãe- é para mim um desejo. Não sei se fui pãe e tive uma imensa sobrecarga de gerar, nutrir, vestir, educar, investir – que, pela primeira vez, sinto a brisa da leveza.

Ainda preciso pagar sozinha (meu ex-marido não me ajuda com nada) a conclusão do curso superior das meninas. Conto mais quatro anos para eu dar o maior grito de liberdade da vida. Vai ser uma espécie de urro primal, um gozo carregado de gratidão, lamento e dever cumprido. Emoções confusas, mas uma sensação inexplicável de júbilo e gozo.

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Olho para o Dia das Mães e penso: acho que fiz a coisa certa. Elas são maravilhosas. Elas são melhores do que eu. Elas são a minha vingança sobre meus erros. Espero que a relação delas comigo não seja pautada na agressividade, cobrança, ciúme, competição que, por vezes, vivi com minha mãe. Hoje, caminhando para 80 anos, olho para minha genitora com um misto de melancolia e raiva.

Nós duas poderíamos ter aproveitado muito mais uma da outra. Se não fossem os seus pré-julgamentos, as barreiras burras impostas pelos ciúmes dos meus namorados, amigas e maridos. Pelo olhar dela sobre o certo e o errado. Anamaria não teve uma vida fácil. A doença degenerativa atingiu-a logo cedo. Viveu com dor a vida toda.

Sei que é forte o que escrevo agora, mas não sou de mimimis. Mãe, ainda dá tempo. Domingo vou cozinhar aquele risoto que você gosta e tomaremos aquela taça. O tempo é curto. Sejamos sábias.

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