Feliz para quem?
Mais do que pedir coisas boas para o ano bom, quero organizar o ano que finda
O ano desponta. Tímido, mezzo covidado, com cara de brigas políticas mesmo já tendo novo cenário. Jeitão de papel com bala. Só eu estou assim ou você que me lê também passa por esse banzo? E sinto que de fato preciso ir adiante. Preciso virar a chave. Preciso entender que 2023 vem aí. Cheio de esperanças.
Virei Poliana? Não, leitores. A vida é uma sucessão de boas intenções. Se não começarmos pela gente, quem o fará? Prometo tentar meditação, mandingas, passes e rezas. Vou misturar todos os credos e fazer um shot de alto astral. Palavra de mulher madura. Tem ainda aquele clássico. Arrumar a casa. Dar um jeito no armário. Doar o que não precisa e entrar o ano mais leve. Você muda os móveis de lugar? Manda lavar as cortinas? E os remédios da despensa do banheiro? Olha cada frasco e sua validade?
Comida que nunca comemos. Vinhos que nunca abrimos. Além de uma imensidão de livros parados na estante. Vou fazer uma biblioteca pública para os amigos. Tipo reunião em casa e cada um ao invés de sair com presentinho de amigo oculto, leva um livro para a sua residência. É quase um extreme make over decorativo e faço a cultura circular. Pensei em dar uma espanada no altar. Meus santinhos – contra a luz – ganharam uma poeira. Preciso mudar isso e fazer cada um luzir mais. Deve atrair melhor a conexão entre os meus pedidos e a atenção que me darão.
Sapatos que não uso. Biquínis que não entram. E as toalhas no armário de cama, mesa e banho? Para que tanto conjunto desconjuntado? Tudo sem par, manchado ou roto. Também farei uma grande doação. Mais do que pedir coisas boas para o ano bom, quero organizar o ano que finda. Foi um trator de emoções esse 22. Tantas polêmicas, fake news, guerras, babado e bombas. Quero tudo tão mais simples. Ser feliz deveria ser meta eterna. Inegociável. E assim sigo esperançosa. Que venha o ano bom. Feliz para todos.