A alma imoral
Doze anos depois, revi essa semana a peça de teatro encenada pela sensacional atriz Clarice Niskier, baseada em um texto do rabino Nilton Bonder
A cabeça deu um nó! Doze anos depois, revi essa semana a peça de teatro encenada pela sensacional atriz Clarice Niskier, baseada em um texto do rabino Nilton Bonder. Não sou judia. Nem precisa. A peça, baseada nos preceitos da cabala, toca o coração dos humanos. Ética, conflitos, cancelamento… está tudo ali. O bem e o mal. O certo e o errado. Traição e tradição. Evolução e revolução.
Não há como não sair sacudida com tantas verdades. A atriz fica nua em pelo na peça. E nus ficamos todos na plateia. Nus de certezas. É uma reviravolta imensa em nossas estacas. O edifício inteiro da moralidade balança com as verdades ditas delicadamente. Mas elas batem no coração feito maremoto. Quebram nossas estruturas e desfazem nossos pilares. Saí moída. Fiquei zonza com as falas, com os temas, com as ideias.
Na velocidade dessa nova era, pasteurizamos tudo. A tecnologia nivela tudo. E no escurinho do teatro eu tive a oportunidade, ao lado da minha filha mais velha, de revisitar pensamentos. De quebra, ainda fiquei extasiada com o desbunde do primeiro contato dela com as ideias cabalísticas. E recomendo. Em tempos de tanta polarização e verdades absolutas, urge sermos transgressores e rebeldes, sobretudo conosco. Acordei nova