Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Esquenta Black Friday: Assine a partir de 9,90
Imagem Blog

Ana Claudia Paixão

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A jornalista Ana Claudia Paixão (@anaclaudia.paixao21) fala de filmes, séries e histórias de Hollywood

O canto rebelde de Cyndi Lauper

Documentário "Cyndi Lauper: Let the Canary Sing" traça a trajetória de um dos ícones pop dos anos 80, cuja voz e comportamento estranhos marcaram a arte

Por Ana Claudia Paixão
21 jun 2024, 15h00
cindy lauper documentário
Cyndi Lauper (Timothy Greenfield-Sanders/Paramount+/Divulgação)
Continua após publicidade

Desde adolescente sou fã de Cyndi Lauper. Sua voz diferente, seu visual eternamente inesperado, seu alcance vocal inconfundível e suas canções pop marcantes como Time After Time, tudo que faz dela uma lenda do pop. Tive o privilégio de vê-la ao vivo mais de uma vez, todas inesquecíveis. Não estava considerando a chance de ir conferi-la no Rock In Rio 2024, mas o anúncio de sua aposentadoria dos palcos me faz reconsiderar.

Aos 70 anos, Cyndi não perdeu a voz, não perdeu energia e segue sendo do tipo “sincerona”. Apenas já sabe que não precisa provar mais nada de seu talento e que já é hora de tirar o pé do acelerador.

A notícia pegou o mundo meio que de surpresa, pois é muito raro um músico “parar”. Mas Cyndi sempre foi como anunciou em seu 1º álbum: incomum. Ao avisar que a turnê Girls Just Wanna Have Fun Farewell Tour será sua última, detonou uma onda de nostalgia entre seus fãs. Acompanhada pelo documentário Let the Canary Sing, sobre sua vida e carreira, na Paramount +, é uma chance imperdível de curti-la.

Cindy Lauper em 2007
Foto que tirei de Cyndi Lauper em 2007 (Ana Claudia Paixão/Acervo pessoal)

Há mais de dez anos sem uma grande turnê, a cantora-compositora-ativista conversou com o New York Times que a aposentadoria era porque em alguns anos poderá não ter mais a mesma voz, e ela sabe muito bem o que é isso.

Antes de virar uma estrela em 1983, a cantora danificou as cordas vocais e parou por um ano, com os médicos afirmando que ela nunca mais cantaria nem uma nota. Isso foi em 1977, mas ela não apenas recuperou a voz (com a ajuda da treinadora vocal Katie Agresta), como explodiu como uma das cantoras mais rentáveis e representativas dos anos 1980, com seu álbum solo de 1983 – She’s so Unusual – ganhando prêmios e vendendo milhões.

Continua após a publicidade

Esse tipo de transparência sempre reforçou a autenticidade de Cyndi Lauper. Se no palco era quase histriônica, na vida pessoal sempre primou pela discrição e poucos e duradouros relacionamentos.

Em sua biografia, de 2012, ela insiste em reconhecer que lamenta que os fãs confundam sua música com sua pessoa, nos alertando que nem sempre é simpática. O próprio alerta sugere o oposto, mas ela efetivamente sempre avisou. Eu a amo ainda mais por isso.

documentário cindy lauper
Uma imagem de Cyndi Lauper que aparece no documentário “Let The Canary Sing” (Laurie Paladino/Paramount+/Divulgação)

E se demorou tantos anos para assinar um livro, precisou de ainda mais tempo para aceitar a história de sua vida em filme. Segundo ela, documentários feitos em vida são estranhos e ela não se sentia particularmente incompreendida: sempre comunicou exatamente o que queria dizer. Porém, topou o desafio e é aí que entra o documentário da Paramount+.

Continua após a publicidade

Let the Canary Sing está disponível desde o final de maio de 2024, mas como estive viajando, só conferi agora. Rico em imagens de arquivo, é assinado pela diretora Alison Ellwood, a mesma que assinou o excelente filme sobre a Go-Go’s e uma das maiores especialistas dos anos 1980. E Cyndi, como sabemos, foi uma das maiores daquela década.

Assim, embarcamos na trajetória da cantora até o topo, com o objetivo de contextualizar as escolhas e percalços da carreira de quarenta anos de uma artista que nunca foi o que parecia ser.

Se na aparência é uma mulher pequena com grande pulmão, ainda maior é sua habilidade e prontidão de brigar por sua individualidade. O documentário é menos detalhado do que sua autobiografia, mas mantém a narrativa questionadora.

Os depoimentos são vitais para tornar o filme interessante, mas a tendência de Alison é de enaltecer o artista documentado e, no caso de Cyndi, fica um tanto fora do tom. Ouvimos como foi “chegar lá”, mas “na queda” nada é aprofundado ou realmente comentado.

Continua após a publicidade

Para os fãs, como eu, é uma delícia vê-la e ouvi-la mais jovem, lembrar como Time After Time foi escrita e como mudou Girls Just Wanna Have Fun de uma uma música machista para um hino feminista. Mas quando acaba, ficamos com uma sensação de faltou alguma coisa.

O grande problema de Let the Canary Sing não é diferente de muitos semelhantes, ou mesmo das biopics que estão no cinema. Quando o artista aprova, sobra editorialização do que aconteceu e acaba faltando autenticidade.

cindy lauper em foto preta e branca. Ela tem os cabelos escuros e médios, presos em um rabo de cavalo lateral. Ela veste uma saia listrada e meia-calça
Cyndi Lauper é um dos maiores ícones do pop (Laurie Paladino/Paramount+/Divulgação)

Vamos combinar que Cyndi Lauper é sinônimo de autêntico, o que faz isso ser uma pena! Ainda assim, é bacana rever como ela desenvolveu seu senso estético sem a ajuda de ninguém, como abraçou as causas feministas e LBGTQ+ por conta de suas ligações extremamente pessoais e, com isso, viajar por sua juventude é sensacional.

Continua após a publicidade

Seu legado é inegável também. Com mais de 11 álbuns gravados, um musical premiado na Broadway, entre tantos sucessos, é nostálgico pensar que suas apresentações passarão a ser reduzidas a partir de agora.

Cyndi completa 71 anos em 22 de junho de 2024 (me antecipo em um dia para parabenizá-la). Mesmo com essas ressalvas, com Let the Canary Sing ela mais uma vez nos confirma ser dona de si.

Como não amá-la? Ah! Uma curiosidade: o título que se traduz por “deixe o canário cantar” se refere à frase de um Juiz que a defendeu quando, antes de fazer sucesso, embarcou em uma longa briga judicial com um ex-empresário. E ouvi-la cantar sempre foi um privilégio!

Parabéns, Cyndi Lauper. Espero revê-la em breve.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo

Moda, beleza, autoconhecimento, mais de 11 mil receitas testadas e aprovadas, previsões diárias, semanais e mensais de astrologia!
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
ECONOMIZE ATÉ 59% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Claudia impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
De: R$ 26,90/mês
A partir de R$ 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.