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Ana Claudia Paixão

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A jornalista Ana Claudia Paixão (@anaclaudia.paixao21) fala de filmes, séries e histórias de Hollywood
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Eu tive o privilégio de ver Tina Turner ao vivo

No dia 27 de março, o documentário TINA, narrado pela própria artista, estreia na HBO

Por Ana Claudia Paixão
13 mar 2021, 19h05
Tina Turner
Tina Turner (Foto: Rob Verhorst/Getty Images)
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Tina Turner completou 80 anos em 2019 com uma mensagem para os fãs. “Como achei que ia estar aos 80? Não como estou. E como estou? Bom, eu estou linda, eu enfrentei algumas doenças sérias que estou vencendo. É sobre ter uma segunda chance na vida. Eu sou feliz por ser uma mulher de 80 anos”, declarou na ocasião. Pois, no final de março, a HBO traz um documentário sobre a cantora com imagens e entrevistas inéditas que prometem emocionar.

A presença de Tina Turner na trilha sonora da minha vida sempre foi uma constante. Tenho a felicidade de ter testemunhado seu show histórico no Maracanã, em 1988, transmitido ao vivo para o mundo todo pela mesma HBO. Em tempos ainda não globalizados, a iniciativa era impressionante.

A família americana com quem tinha vivido seis meses durante um intercâmbio acompanhou o show ao vivo e me ligou no dia seguinte, chocada com o tamanho do evento. Foram cerca de 180 mil pessoas lotando o estádio, um recorde de público pagante para uma artista solo feminina. Tina fez uma hora de show com seus sucessos, mas quando acabou pediu para a plateia esperar. Ela voltaria para nos dar algo especial.

Depois de um intervalo de apenas 20 minutos, tocou mais de uma hora novamente. “Esse é só para vocês”, brincou. Desculpe aí quem não estava lá, mas ela é sim é rainha. Tinha 50 anos na época e ainda nem tinha chegado à metade de sua carreira.

O documentário da HBO, que vai ao ar no final de março, vai relembrar a trajetória de Tina desde os anos de 1950. Sua vida já foi contada em livros, filmes, musicais na Broadway, mas é a primeira vez que será narrada pela própria artista. Além disso, há depoimentos de pessoas próximas e fãs, como Oprah Winfrey e Angela Basset, que a interpretou magistralmente no filme What’s Love Got to Do With It.

O documentário também é um merecido revival de Tina, que em 2021 entra no Rock and Roll Hall of Fame por sua carreira solo. Sim, ela já está lá, mas como parte do grupo Ike e Tina Turner, agora é reconhecida – merecidamente – por sua própria trajetória.

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O trailer do documentário é, para pouca surpresa, em cima da canção assinatura de Tina, Proud Mary. Quando nos diz que sempre se recusou a ceder às dificuldades da vida, ouvimos o Big wheel keep on turning / Proud Mary keep on burning/ rolling down the river do refrão clássico, desafiando os mais céticos a evitar as lágrimas.

Irônico como o hino pareceu destinado à sua voz, mas a Mary Orgulhosa (Proud Mary) é fruto da imaginação de um roqueiro comemorando ter se livrado de ir lutar na Guerra do Vietnã.

“Deixei um bom trabalho na cidade, trabalhando para o Estabelecimento/Governo todo dia e noite, nunca perdi um minuto de sono pensando como teria sido.” Essa abertura da canção é sobre o momento em que John Fogerty virou músico em tempo integral.

Proud Mary foi composta em 1969 por Fogerty, que também escreveu Have You Ever Seen The Rain. Ele pensou em uma mulher, a Mary, uma empregada doméstica que trabalhava na casa de famílias ricas, mas que todos os dias tinha que voltar para a realidade de sua vida simples em uma típica embarcação do rio Mississipi. Levou apenas duas horas para fazer o que virou clássico, sem jamais ter pisado no Sul do país.

Embora tenha nascido como rock, a canção tinha veia gospel que mudou quando Solomon Burke transformou seu andamento. Foi esse arranjo, de Phil Spector, que chegou à Ike e Tina Turner. A intensidade da interpretação de Tina, uma mulher do Tennessee, que conhece a realidade da Mary da canção, destaca a mensagem de empoderamento de Proud Mary.

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O single foi lançado em 1971 e explodiu nas paradas mundiais. Quando Tina se separou de Ike, ela seguiu cantando o sucesso. É tão seu como se Mary fosse Anna Mae Bullock, o nome de nascença de Tina. Com certeza, hoje, 50 anos depois, é sem dúvida um hino feminino.

Abaixo, assista ao trailer do documentário:

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