Olivia Colman estrela comédia ácida sobre os dilemas de um divórcio
"Os Roses: Até Que a Morte os Separe" chega aos cinemas em agosto e expõe as tensões, o humor e a tragédia por trás do fim de um casamento

Quando chegou aos cinemas, em 1989, A Guerra dos Roses causou estranhamento porque ninguém esperava que Michael Douglas e Kathleen Turner, conhecidos por seus papéis românticos e de comédia, estrelassem um filme onde eram amantes que se tornam arqui-inimigos.
Mesmo sendo uma das maiores bilheterias do ano, o filme não era exatamente um drama tradicional, tampouco uma comédia pura. O resultado foi uma obra que, embora elogiada por cinéfilos, hoje é cult, mas não exatamente um “clássico”.
O clássico de 1989

O filme de 1989 dirigido por Danny DeVito foi uma adaptação do best-seller de Warren Adler, publicado em 1981. O livro, recebido com entusiasmo pela crítica, era notável por sua mistura de humor ácido e drama, explorando a amarga e violenta separação de Oliver e Barbara Rose, um casal cujo casamento perfeito rapidamente se desintegra em uma batalha amarga pela posse da casa que construíram juntos.
Na época, o divórcio ainda era um tema tabu e complexo, e o livro abordava isso de forma sombria e realista, destacando o ressentimento, o egoísmo e a destrutividade que podem surgir quando um casamento entra em colapso.
No filme original, a química entre o trio de atores foi usada para subverter as expectativas do público, que saiu do cinema chocado com a violência física e psicológica entre os personagens. Mesmo apresentado como uma comédia dramática, a obra mantinha um tom amargo e raivoso, um verdadeiro conto de advertência sobre como o amor pode se transformar em ódio e a convivência em uma guerra sem trégua. Danny DeVito teve que lutar com o estúdio para manter o final trágico do filme, uma escolha que preservou a força do impacto emocional da obra.
A releitura do filme

Mais de três décadas depois, em 2024, a notícia de que A Guerra dos Roses ganharia uma “releitura” chamou a atenção. O novo filme, intitulado no Brasil Os Roses: Até Que a Morte os Separe (no original, The Roses), dirigido por Jay Roach e com roteiro assinado por Tony McNamara — conhecido por trabalhos como The Great e A Favorita — propõe uma atualização da história para os tempos contemporâneos, com uma inversão dos papéis originais.
Agora, Theo e Ivy Rose, interpretados por Benedict Cumberbatch e Olivia Colman, vivem na costa da Califórnia, onde ela se torna uma chef de sucesso enquanto ele, um arquiteto, enfrenta o desemprego e o fracasso.
A dinâmica do casal parece perfeita à primeira vista, com carreiras de sucesso, casamento aparentemente estável e filhos. No entanto, à medida que o prestígio profissional de Theo desmorona e o de Ivy cresce, a competição e o ressentimento tomam conta, desencadeando uma guerra fria marcada por ironias, mágoas e rivalidades que ameaçam destruir tudo o que construíram juntos.
Um retrato da realidade

Jay Roach destaca que o tom do longa é “basicamente a vida real” e que o humor é usado para abordar momentos difíceis. “Esse filme explora como a linguagem do amor pode se transformar de uma provocação para um ataque — e às vezes, é difícil distinguir uma coisa da outra”, explica o diretor. A visão contemporânea proposta por McNamara no roteiro analisa os relacionamentos sob um ponto de vista mais crítico, reconhecendo que “hoje, o sistema capitalista puxa as pessoas em direções diferentes. Isso não favorece um casamento feliz”, como afirma o roteirista.
Olivia Colman ressalta o equilíbrio no roteiro, dizendo que “Tony escreve com um humor seco e anárquico. Você ri e, de repente, ele quebra seu coração.” Benedict Cumberbatch completa: “É um roteiro divertido, criativo e cheio de falhas humanas. Esse filme mostra duas pessoas que se amam, mas que são disfuncionais e enfrentam um obstáculo enorme.”
Os Roses: Até Que a Morte os Separe vai além de retratar um casamento em colapso, analisando os padrões de comportamento, as expectativas sociais e as dificuldades de manter uma conexão autêntica diante das exigências externas.
Segundo o produtor Adam Ackland, “essa tinha que ser uma reimaginação completa, não um remake”. O filme mistura elementos de comédia e tragédia, focando nos conflitos emocionais que exploram desde os momentos iniciais de encantamento até os extremos de uma relação marcada por ressentimento. “Esse é um filme com momentos engraçados, mas, no fundo, é uma tragédia. Uma quase shakespeariana”, conclui Roach.
Nos cinemas

O lançamento do filme está previsto para 28 de agosto nos cinemas brasileiros. A expectativa é grande para ver como essa nova releitura, com humor ácido e crítica social, irá dialogar com as novas gerações que talvez nem conheçam o original de 1989, mas certamente se identificarão com as tensões e conflitos universais retratados nessa história.
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