Netflix: Shonda Rimes assina série sobre a golpista Anna Sorokin
Baseada em uma história real e fascinante, a produção chega ao streaming em 2022
Anna Delvey foi uma influencer do Instagram que circulou entre milionários e famosos, com um estilo de vida invejado por seus seguidores. Até que uma repórter desconfiada fez uma matéria investigativa e descobriu a verdade por trás das fotos, bebidas, festas e roupas de marca. Baseado em uma história real e recente, Inventando Anna, da Netflix, é um conto comum e atual que vale ser conferido.
Para nós brasileiros, a história de Anna Sorokin – o nome verdadeiro de Anna Delvey, a russa que se fez passar por herdeira alemã enquanto aplicava golpes em Nova York – é uma versão internacional do que já vimos no Brasil. Isso mesmo, se achou que ouviu algo parecido antes é porque a história é semelhante à de Marcelo Nascimento da Rocha, mais conhecido como Marcelo VIP. Marcelo se passou por herdeiro de linha aérea, músico, repórter, olheiro de jogadores e deu até entrevistas em rede nacional. Sua história virou livro, documentário e filme. Assim como Anna Sorokin, o golpista tinha como objetivo viver e manter um estilo de vida luxuoso e opulento. Uma história tão absurda que fica fascinante. Não é surpresa que até Shonda Rimes tenha se interessado por ela.
A série se baseou no artigo da New York Magazine, How Anna Delvey Tricked New York’s Party People (Como Anna Delvey Enganou os Socialites de Nova York, em tradução livre), assinada por Jessica Pressler (interpretada por Anna Chlumsky).
A verdadeira identidade de Anna Sorokin só foi revelada após a jovem ser presa ao tentar fugir de um restaurante em Nova York sem pagar a conta e Jessica publicar a matéria. Ainda em 2018, Shonda comprou os direitos para contar a aventura, ainda enquanto a jovem aguardava seu julgamento. Em tese, teria sido o primeiro projeto de sua produtora, Shondaland, com a Netflix, mas Bridgerton acabou sendo lançado antes. Finalmente, Inventando Anna ficou pronta e chega à plataforma em 2022.
Nascida na Rússia, mas criada na Alemanha, Anna se hospedava em hotéis caros, fingia ter dinheiro e foi usando as pessoas para apagar seu rastro de dívidas. Uma de suas vítimas, por exemplo, pagou mais de 60 mil dólares para uma viagem sua ao Marrocos. A farsa foi mantida por 5 anos, até 2018, quando foi presa. Foi liberada em 2021, mas ainda aguarda deportação para a Alemanha.
Por conta da legislação de Nova York, que proíbe um criminoso de ter lucros sobre seu próprio crime, o dinheiro pago pela Netflix foi repassado para reembolsar as vítimas. A golpista queria que Jenniffer Lawrence ou Margot Kiddie a interpretassem, mas a série traz Julia Garner, de Ozark, no papel principal. A atriz chegou a visitar Anna na prisão e diz ter se afeiçoado a ela. Já as vítimas do golpe se preocupam se a série fará uma versão simpática de quem consideram uma sociopata. Anna pode não ter conseguido a fortuna, mas de fama não pode se queixar. Sua história já foi encenada no teatro – com Emma Corrin, de The Crown, a interpretando – e a HBO também comprou os direitos do livro de uma das vítimas, Rachel Williams, que está sendo adaptado por ninguém menos do que Lena Dunham, de Girls. A própria atriz está cotada como protagonista.
Como as pessoas caem na lábia de golpistas e como conseguem chegar tão longe? E porque ainda acreditamos no mundo postado no Instagram? Inventando Anna é um conto que realmente nos faz pensar, mesmo que não nos impeça de consumir. O paralelo das trajetórias de Anna e de Marcelo, anos e países à parte, mostram como a carência, a necessidade pela aprovação e luxo podem transformar as vidas das pessoas. E, especialmente, como uma mentira bem contada pode esconder verdades desagradáveis.