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A jornalista Ana Claudia Paixão (@anaclaudia.paixao21) fala de filmes, séries e histórias de Hollywood
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Efeito Bridgerton em séries de época: a nova versão de The Buccaneers

O trailer da nova série da Apple TV Plus parece reforçar a tendência de anacronismo que marcou a franquia da Netflix

Por Ana Claudia Paixão
6 out 2023, 08h18

Frequentemente começo minhas colunas me justificando por gostar de conteúdos clássicos, históricos e densos. Séries de época, séries biográficas, dramas ou romances. Como ávida leitora, tenho alguns autores preferidos, em especial dois que imortalizaram o período conhecido como “gilded age”: Henry James e Edith Wharton, além de claro, minha deusa, Jane Austen (que é de outro período). Sou aberta à revisões, não fui uma das que reagiu negativamente à “atualização” de Persuasão, em 2022, quando Dakota Johnson transformou a tímida e obediente Anne Elliot em uma outra Elizabeth Bennett, de Orgulho e Preconceito. O “novo” Persuasão da Netflix estava fortemente influenciado por outra obra da plataforma, o megassucesso de Bridgerton, com trilha sonora moderna, elenco inclusivo e um divertido anacronismo.

Anacronismo, aliás, parece ser a alternativa em voga para fisgar a geração millenial para entender/curtir clássicos. Só lembrando, que o termo é para definir a narrativa que insere idéias ou sentimentos que não estão de acordo com a época da história. Funciona perfeitamente em Bridgerton, ou The Great, para citar outra favorita, foi apenas ok em Persuasão, mas no trailer da próxima série da Apple TV Plus, The Buccaneers, confirma a total “bridgertização” das séries de época.  Vai divertir, claro, mas de alguma forma lamento o que se perde com essa tendência. Será que estou sendo muito mal humorada?

Edith Wharton, a primeira escritora mulher a vencer o Pulitzer de Literatura com o absolutamente perfeito A Época da Inocência (o filme de Martin Scorcese completou 30 anos em 2023, merece coluna à parte), não terminou o livro The Buccaneers, que foi lançado postumamente com as observações encontradas em suas anotações.

The Buccaneers
The Buccaneers se passa na década de 1870 e gira em torno de cinco garotas americanas ricas e ambiciosas em busca de maridos ingleses nobres. (Divulgação/Divulgação)

Portanto, não é o melhor de seu repertório, que inclui o angustiante e triste A Essência da Paixão (The House of Mirth) e o trágico Ethan Fromme, todos adaptados para o cinema. Edith, de uma das famílias mais ricas e tradicionais dos Estados Unidos, escreveu histórias fascinantes daquele período porque se ateve ao que vivia. Diferentemente de Jane Austen, mas semelhante a seu amigo Henry James, suas histórias de amor nem sempre (ou quase nunca) terminam bem. Ela expõe delicadamente o universo machista e opressivo para as mulheres daquele período, daí o meu cinismo antecipado de ter uma vertente anacrônica na história.

O termo “buccaneers” se refere aos piratas, mas os piratas “aprovados” pelos Ingleses, que atacavam as colônias espanholas e as navegações entre América e Caribe, ou seja, os ingleses comprando “produtos roubados”. Séculos depois, o termo foi adaptado para o costume da “época da gaiola dourada” no qual jovens solteiras e ricas são enviadas para as “temporadas em Londres” na busca de maridos e títulos, tendo que encarar a rigidez da sociedade britânica, assim como seus preconceitos.

Na nova versão da Apple Tv Plus, o elenco conta com nomes como Christina Hendricks, de Mad Man, que interpreta a Sra. Saint George e lidera uma produção com jovens estrelas, como Alisha Boe, de 13 Reasons Why, e Kristine Frøseth, entre outros. Nos bastidores, há uma equipe criativa exclusivamente feminina, liderada pela showrunner Katherine Jakeways – a série foi dirigida por Susanna White. Ou seja, mais para celebrar do que reclamar!

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A trama de The Buccaneers se passa na década de 1870 e gira em torno de cinco garotas americanas ricas e ambiciosas em busca de maridos ingleses nobres, mas empobrecidos, que estão atrás de fortuna para manter seus títulos. Basicamente o que vimos sendo a realidade de Flora em Downton Abbey, e o futuro de Gladys em The Gilded Age. Dentre as meninas, Nan Saint George é a principal, e se casa com o duque de Trevenick, apesar de amar Guy Thwaite. Algo muito parecido com a verdadeira história de Consuelo Vanderbilt.

O livro foi publicado em 1938, com apenas 29 capítulos, que ficaram prontos antes do falecimento da autora. No entanto, em 1993, a escritora Marion Mainwaring “completou” o romance com seis novos capítulos, seguindo o esboço detalhado de Edith Wharton quando planejou a história. Obviamente há polaridade quanto ao resultado. Para especialistas, The Buccaneers se desenhava para ter sido a obra definitiva da escritora americana, mas não ocupa esse lugar – mantido por A Época da Inocência – porque há mais romance e menos observações como ela fazia em seus livros anteriores. Imagino o que falarão da versão da série.

Eu gostaria de ver essas histórias de amor recontadas com elencos jovens, inclusivos, mas sem ter a obrigação de “modernizá-los” e torná-los muito iguais. Bridgerton tem seu valor, a ver se The Buccaneers supera as expectativas. A estreia está prevista para 8 de novembro. Estou ansiosa!

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