Quem é a mulher que criou o Tinder? Novo filme responde
Lily James e Rachel Lee Goldenberg falam exclusivamente com CLAUDIA sobre o filme que conta a história da criadora do Tinder e do Bumble

Sempre achei irônico que, quando falamos sobre “a criação das redes sociais”, a associação imediata seja Mark Zuckerberg e o Facebook, ignorando que a primeira rede foi criada em 1997 por Andrew Weinreich. Mas, no caso dos apps de namoro, é impossível ignorar que a mente por trás do gesto que mudou para sempre a forma como nos relacionamos digitalmente — o famoso swipe — foi Whitney Wolfe Herd.
Whitney batizou o Tinder, levou o app para os campi universitários e o transformou em fenômeno global. Mas, em 2014, sua relação com a empresa azedou: ela saiu sob acusações de assédio e discriminação de gênero, processou os fundadores, e virou símbolo de uma luta mais ampla contra o sexismo no Vale do Silício.
A cinebiografia Deu Match: A Rainha dos Apps (Swiped) recria esse arco de ascensão, queda e reinvenção, acompanhando também sua decisão de criar o Bumble — app que colocou as mulheres no controle da primeira mensagem.

O filme começa leve, quase como uma comédia romântica, para logo mergulhar no clima sufocante dos escritórios “playground” do início dos anos 2010, expondo o sexismo casual e a condescendência institucional. Essa primeira metade é vibrante e incômoda, provocando indignação ao mostrar Whitney sendo isolada, cortada de decisões e finalmente forçada a sair da empresa que ajudou a construir.
É aqui que o trabalho de Lily James brilha. Com sotaque americano perfeito, ela transmite a mistura de euforia e frustração de alguém que, tão jovem, estava no olho de uma revolução cultural e de uma tempestade pessoal ao mesmo tempo. Mas a segunda metade — que acompanha a criação do Bumble — se torna mais linear e menos desafiadora. As dificuldades são resolvidas rápido demais, a escalada parece limpa demais, e a personagem corre o risco de virar heroína mitológica, perdendo nuances.
Ainda assim, o filme cumpre um papel importante: denuncia a misoginia endêmica do setor e inspira. Dan Stevens, irreconhecível como o investidor russo Andrey Andreev, rouba cenas e dá energia extra à narrativa.
Assistir a Swiped é lembrar que Hollywood encontrou um novo vilão em histórias corporativas e de tecnologia — e que, mesmo quando a realidade é mais complexa que a ficção, vale a pena revisitá-la sob uma lente feminina.
E para entender como foi dar vida a essa história, conversei exclusivamente com Lily James e com a diretora Rachel Lee Goldenberg, que estavam em Nova York para o lançamento do filme e falaram via Zoom.
Entrevista com Lily James e Rachel Lee Goldenberg

CLAUDIA: O filme começa quase como uma comédia romântica e depois muda radicalmente de tom. Essa mudança foi pensada desde o início?
Rachel: Sim, absolutamente. A ideia era que o público sentisse o que Whitney sentiu: no começo, ela está cheia de energia, o mundo parece disponível. Queríamos essa vibração mais leve, mais popular. Mas conforme as coisas começam a mudar, o tom fica mais escuro. A luz muda, a trilha muda, o humor desaparece. Era importante que a jornada emocional dela fosse sentida pelo público.
CLAUDIA: Lily, você teve que viver dez anos da vida de Whitney em duas horas. Qual foi o maior desafio?
Lily: O maior desafio foi justamente abraçar os altos e baixos, mostrar como com grande sucesso vem também grande adversidade. Eu me identifiquei muito com a ambição dela e com essa coragem de seguir o coração. E foi muito inspirador mostrar essa transformação, de uma jovem otimista recém-saída da faculdade até uma empreendedora formidável.
CLAUDIA: Você contracenou com Dan Stevens, com quem trabalhou em Downton Abbey. Como foi essa reunião de elenco?
Lily: Foi tão especial! Uma das minhas primeiras cenas em Downton Abbey foi com o Dan, então parecia que fechamos um ciclo. Ele está brilhante no filme, completamente transformado — e foi muito divertido reencontrá-lo anos depois.
CLAUDIA: Rachel, contar essa história deve ter sido complicado, já que Whitney ainda tem NDAs com o Tinder. Como vocês lidaram com isso?
Rachel: Pesquisamos tudo que estava disponível publicamente: entrevistas, documentos do tribunal, reportagens. Não pudemos falar com ela diretamente, mas tentamos ser justos com a história, sem transformá-la em algo unidimensional.

CLAUDIA: E qual é a mensagem que vocês gostariam que o público levasse para casa?
Rachel: Que essa história sirva para inspirar conversas. Ser mulher em um setor dominado por homens ainda é difícil — e espero que o filme ajude outras mulheres a pensarem sobre onde traçar suas linhas morais e como navegar esses espaços.
Lily: Eu espero que as pessoas se sintam inspiradas pela coragem dela. Whitney transformou algo muito doloroso em algo construtivo, e isso é poderoso.
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