A 1ª temporada de ‘House of the Dragon’ e o que esperar da 2ª fase
A pior parte – apresentar novas personagens e história – se superou. Agora consegue sustentar?
Sou viciada em House of The Dragon, participativa no Reddit e sim, já sei dos spoilers do livro (que li) e do episódio final que vazou antes de ir ao ar no domingo. Nada será revelado aqui.
Como sabemos, House of the Dragon saiu de alguns capítulos do livro Fogo e Sangue, de George R.R. Martin, que escolheu um dos trechos mais interessantes da saga da Casa Targaryen, a que se inspirou em uma história real e que aconteceu no Reino Unido medieval. A guerra civil que ficou conhecida como “A Dança dos Dragões” já tinha sido citada várias vezes em Game of Thrones (Joffrey era um fã da tragédia e dá o spoiler quando conversa com Margaery, portanto é bom evitar uma visitação ao passado se não quiser descobrir a conclusão da história) e tem como diferença crucial da franquia de ter não apenas uma mulher forte, mas várias.
Se a desvantagem de ter que superar um fenômeno era assustador, pelo menos a nova série tinha cartas na manga: a primeira e mais importante é que a história está completa (tem início, meio e fim), por isso não corre o risco de uma “Temporada 8”. Uma vez que cenários e mapa de Westeros já eram conhecidos, restou nos acostumar com novos rostos e entender o drama, que contou com simplificações e adaptações para facilitar a nossa vida. O autor já avisou que teremos quatro temporadas e me parece um bom planejamento. Portanto, o que encerra na primeira fase é o prólogo, a parte mais difícil porque cobre uns 25 anos em 10 episódios, com avanços graduais no tempo pelo menos seis vezes. Essa opção, que pareceu paradoxalmente deixar a história devagar em alguns momentos, foi importante para nos engajar e acompanhar as sementes da discórdia, pausando justamente no início da guerra civil.
Sim, no coração da discórdia estão duas mulheres vítimas do patriarcado, mas mais do que isso é um conflito de gerações. Rhaenyra, a sucessora legítima, quer “criar novas regras”, enquanto Alicent quer seguir “a ordem das coisas”. Ex-amigas, elas se gostam, mas são afastadas pela manipulação do odioso Otto Hightower, pai de Alicent. A oposição das duas foi transferida para seus filhos e o efeito cascata não poupará nenhum lado. Como William Shakespeare bem definiu em Romeu e Julieta: “Todos são punidos”.
Todas as atuações do elenco de virtualmente poucos conhecidos foram impecáveis. Se precisar destacar uma, apenas, obviamente é a de Paddy Considine, que trouxe um novo olhar para sua personagem, Rei Viserys e conquistou uma legião de fãs. Matt Smith, polêmico para alguns, entregou sem dificuldade as nuances de Daemon Targaryen, mas foram as quatro mulheres que interpretaram Rhaenyra e Alicent (Milly Alcock, Emma D’Arcy, Emily Carey e Olivia Cooke) que mostraram força, empatia e superação, porque se elas não nos convencessem não teríamos série.
Preciso citar que os tradicionalistas que defendem o livro se queixaram bastante de algumas mudanças importantes na narrativa, porém elas foram vitais para que House of the Dragon surpreendesse e acrescentasse as nuances que as páginas não permitiam. Acima de tudo, o interessante do livro é justamente que compartilha acontecimentos sem conseguir esclarecer os fatos. Isso deu uma liberdade criativa que está sendo explorada e confundindo quem achava que um lado estava mais justificado do que outro.
Queria listar os 10 momentos mais marcantes, mas alguns deles são do episódio final, por isso vou ficar devendo aqui no site (mas vai para o Instagram mais rápido).E agora? No episódio 10 temos uma das passagens mais traumáticas da saga e mesmo que você saiba do que estou falando, te prometo, se ainda não viu, vai reagir passionalmente. Teremos que esperar até 2024 para ver como se desenrola o resto. É incrível que depois de esperar quase 3 anos, falar de 12 meses parece tortura. A “Dança dos Dragões” começa no episódio 10, mas a decisão de interromper a história como verão, significa que a abertura da segunda temporada promete ser épica. É bom que estejam muito preparadas, porque vai ser violento. Não posso dar mais ênfase do que isso, não é metáfora. E nas jogadas políticas veremos traições, vitórias e derrotas, romance e tragédia. Era de se pensar que a equipe agora estaria mais tranquila com o próximo desafio, mas é ainda pior. Sem ser mais “novidade”, House of the Dragon terá que superar uma excelente estreia e nos prender com muitas reviravoltas. Estou pronta, e você?