Pérolas do Sertão: casa-galeria repleta de cultura e arte
Erguida no povoado da Ilha do Ferro, em Alagoas, esta casa-galeria, publicada em CASA CLAUDIA de agosto, expõe autênticas riquezas da cultura e da arte popular regionais
De fachada singela, paredes caiadas e com as águas do Rio São Francisco ao seu redor, a construção de 84 m² exibe um rico acervo de arte popular. Os donos do espaço, Maria Amélia Vieira e Dalton Costa, artistas plásticos de Maceió e galeristas especializados em artesanato, ergueram a casa para facilitar suas pesquisas e estreitar o contato com os artesãos. Apesar de pequeno, o lugar vive cheio. “Os moradores do povoado sempre batem à porta para apresentar trabalhos novos e conversar sobre os progressos que têm feito”, explica Maria Amélia. A boneca representando uma mãe com sua filha, que recentemente ganhou posição de destaque na decoração, chegou às mãos do casal dessa maneira. “A área estava vazia até dona Morena, de 91 anos, aportar aqui, carregando sua arte. Vi poesia na cena”, diz. A seleção de objetos é plural e abrange desde esculturas moldadas por jovens aprendizes até os móveis de madeira e raízes consagrados por Fernando da Ilha do Ferro, morto em 2009, e hoje continuados com o mesmo capricho por seu sucessor, Valmir. Mestres Resêndio e Zé Crente – que foi ainda o pedreiro responsável pela obra – e artesãos como Faguinho, Eraldo e Jailton também estão sempre por perto. O acervo vive em evolução e, claro, inclui peças assinadas por Maria Amélia e Dalton. “É impossível estar na casa e não se sentir inspirado a criar”, conta ela.
À direita: feitas de madeira e couro, as cadeiras esculpidas por Valmir prestam homenagem a seu mestre, o artesão Fernando da Ilha do Ferro. No chão, se destaca a simplicidade da for assinada por Clemilton. Ao lado esquerdo, a claridade ressalta outra criação de Valmir.
À esquerda, a parede de taipa da casa vizinha ganhou um complemento delicado: um vaso de cerâmica modelado por Maria amélia. À direita, as espécies típicas do local e o dia a dia no povoado se tornaminspiração para os artesãos. Aqui, móbile com miniesculturas de Vandinho, peixes entalhados namadeira por Eraldo e pavões de madeira e ferro de Jailton.
Acima, a onça, de Faguinho, e o barco O Museu no Balanço das Águas, de Zé crente, marcam a passagem no corredor. Do lado esquerdo, com base feita de raízes e assento em forma de peixe, o banquinho é criação de Fernando da ilha do Ferro. Do lado direito, as coloridas imagens de madeira foram esculpidas por aprendizes mirins.
Na direita superior, a boneca feita por dona Morena ganhou a companhia do cavalo policromado do mestreResêndio. Na esquerda superior, colares assinados pela moradora e esculturas produzidas por crianças daregião decoram a parede. Na direita inferior, as obras de cerâmica também são criações da proprietária,que, ao lado do marido, comanda a galeria Karandash, em Maceió. Na esquerda inferior, o projeto dacasa foi encomendado à filha do casal, a arquiteta Joana Vieira costa. a rosa dos ventos é marca registrada nos trabalhos de Dalton, e as pinhas no alto são de Maria Amélia.
Conheça mais sobre o Projeto Sertões no vídeo abaixo:
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=ijdmiaD1QhU%5D