No Recife, um artista abre sua colorida casa centenária
Nesta colorida casa centenária no centro de Recife, o casal recupera um passado feito de amor e alegria, ingredientes que agora temperam os jantares oferecidos pelos dois.
Esta é uma casa viva, cheia de movimento. Da cozinha, vem o cheirinho das receitas preparadas por Germana com modos de fazer quase extintos, como o carré de cordeiro com molho de pasta de caju, a moqueca de mariscos na palha do coqueiro e a tilápia com molho de seriguela e caldo de cana. Os pratos se inspiram nos poéticos nomes dos quadros do marido: Vento Cortante de Frente aos Olhos, Noites de Muitas Estrelas, Casal Vermelho… E, ao menos duas vezes por mês, as delícias são apreciadas em jantares sob reserva, dedicados a quem deseja ver de perto a arte de Rinaldo. “Hoje, perdeu-se o costume de visitar ateliês para conhecer artista e obra. Quisemos reviver esse hábito”, conta ele. Os encontros deram tão certo que já há lista de espera.
A infância de Rinaldo ocorreu numa rua chamada Alegria, a de trás de sua atual morada. “O tempo de criança e adolescente sempre me trouxe lembranças felizes. Por isso, minha pintura tem um toque lúdico, de brincadeira. Aqui era mesmo o lugar certo para fazer nossa casa.” A vizinhança agradece. Pouco a pouco, o local, antes totalmente degradado, contagiou-se com a presença dele e de outros artistas, que procuram se envolver na revitalização do centro de Recife. “Não nos concentramos apenas em nossa reforma, que demorou cinco anos, mas também consideramos o entorno”, diz Germana. Ela pesquisou, inclusive, toda a história do bairro, batizado Bela Vista, para servir de base à recuperação da memória dos moradores. Ato original e solidário. Coisa de artista.