Jardim para três casas com espécies tropicais
Este jardim nasceu lentamente, fruto da dedicação da proprietária do refúgio na Ilha Grande, RJ. Durante anos, ela compôs a paisagem tropical que envolve três casas.
“O que torna um jardim bonito é dar a ele uma alma”, afirma a arquiteta e paisagista Tania Manela Kurc. E isso leva tempo. Desde os anos 1970, ela tem os pés fincados na Ilha Grande. “Moro no Rio, mas este paraíso foi o lugar que escolhi para relaxar e contemplar a natureza. Estou sempre aqui, conheço todos os pescadores, me considero uma caiçara”, conta. Movida por sua paixão pelo local, conseguiu comprar um terreno de 7 mil m² com áreas remanescentes da mata Atlântica, na Enseada do Abraãozinho, onde construiu três casas para receber família e amigos. Até chegar a este visual deslumbrante, precisou de muita paciência antes de fazer seu jardim: passou anos observando a relação entre a topografia do lote e a incidência de sol, o regime das águas e as particularidades da flora e do clima do lugar. No paisagismo, fez caminhos de pedra e pontes para facilitar o acesso às moradas e tirou proveito dos bambuzais que já havia na propriedade. Tudo se arranjou em função deles. “Dão trabalho para manter, porém adoro vê- -los por perto”, afirma. Espécies nativas remanejadas compõem belos canteiros, assim como outras trazidas pela profissional. Ela trabalhou como se pintasse uma tela, com contrastes e texturas – uma obra que demorou décadas para ficar pronta. “A construção de um jardim é um constante work in progress, e a pressa só faz você pular etapas importantes. Como um elemento vivo, ele precisa maturar”, ensina Tania, que se divide entre projetos no Rio, na Ilha Grande e em Nova York. “O paisagismo demanda ajustes de composição, adubo, poda, plantio de novas mudas e outros cuidados permanentes.” Demora a ficar do jeito que a gente deseja, mas a dedicação e a espera compensam.