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Glass House: A obra-prima de Philip Johnson

Admiradora do renomado arquiteto americano – que celebra seu centenário de nascimento –, a fotógrafa Manu Oristanio conta comofoi sua experiência ao visitar a Glass House, em Connecticut,nos Estados Unidos. Lá, ela experimentou viver sob uma arquitetura de proporções perfeitas e simplicidade ímpar.

Por Reportagem e fotos Manu Oristanio
Atualizado em 25 Maio 2022, 18h33 - Publicado em 11 jun 2015, 17h27

Estive pela primeira vez na Glass House em 7 de agosto de 2014 para fotografá-la. Antes disso, já havia visitado outra casa projetada por Philip Johnson, a Wiley Speculative House, em algumas viagens aos Estados Unidos, pois minha mãe trabalhou como enfermeira particular na Wiley Speculative por cinco anos. Foi durante esse período que conheci a obra e a importância desse fabuloso arquiteto. New Canaan, em Connecticut, onde a Glass House foi erguida, é uma região de muita natureza e Johnson soube aproveitar bem esses recursos para construir sua obra-prima. Já nos anos 1940 ele falava em desenvolver uma nova relação da arquitetura com o meio ambiente. Philip Johnson nasceu em Ohio, estudou filosofia grega e mudou-se para Nova York a fim de trabalhar no Departamento de Arquitetura do MoMA (Museum of Modern Art). Em 1932, publicou, com Henry-Russell Hitchcock, The International Style, um importante livro sobre o modernismo nos Estados Unidos. Só nos anos 1940, com 36 anos, retornou à universidade. Então com o desejo de tornar-se um arquiteto influente. 

A descoberta de um incrível legado 

O calor intenso e o horário agendado para a sessão de fotos me preocupavam. Mas, logo na entrada deste santuário da arquitetura, fiquei tão surpresa com o portão inspirado em construções da Grécia antiga, que logo me esqueci das circunstâncias climáticas. O terreno tem ao todo 200 mil m2 e possui outras construções além da Glass House. Resolvi conhecer primeiro a clássica casa envidraçada, mas fiquei muito intrigada também com a Da Monsta – um prédio-escultura que me tirou o fôlego. Daí por diante, visitei a Biblioteca, a Brick House, a Torre Lincoln Kirstein, a Ghost House, galerias de escultura e pintura e o Pavilhão do Lago. Por alguns minutos fiquei paralisada, sem pensar, só observando aquele patrimônio incrível, com construções de diferentes materiais. Era uma verdadeira escola ao ar livre. Estava curiosa, pois sabia que ainda havia um universo a ser descoberto. Enquanto conhecia tudo, imaginava que Johnson deve ter sido um homem decidido, disposto a contar histórias e a deixar uma importante contribuição para a arquitetura. 

Experimentos arquitetônicos

Considerada uma das construções mais importantes do século 20, projetada entre 1945 e 1948 e finalizada em 1949, a Casa de Vidro é invisível quando observada da rua, pois está localizada em um ponto estratégico do terreno. Com cortinas naturais, não tem paredes de alvenaria, exceto no banheiro, e tem os ambientes delimitados pelos móveis. É um ícone da arquitetura moderna por inovar o uso de materiais – feita de pedras e vidro – e elementos fundamentais, como o acabamento da iluminação e a disposição dos espaços. A transparência dos vidros permite sentir a natureza ao redor de forma plena, pois se tem visão total do exterior de qualquer ponto da casa. No terreno, há também a Brick House, feita de tijolos e madeira, projetada ao mesmo tempo, mas contrastante com a morada de vidro. Enquanto uma é aberta, integrada ao meio ambiente e com iluminação natural absoluta, a outra é quase toda fechada com tijolos e traz apenas pequenas janelas circulares. Mesmo sem TV, com apenas um telefone e mais de 50 anos de existência, a Casa de Vidro continua sendo modelo de construção para o futuro. Hoje Patrimônio Histórico Nacional, a propriedade, onde o arquiteto morou até o fim da vida, foi doada pelo profissional anos antes de falecer ao National Trust for Historic Preservation. 

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