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Fred Wiseman lança um documentário que mostra o dia a dia do museu National Gallery

O documentário National Gallery, do aclamado cineasta Frederick Wiseman, guarda alguns dos maiores tesouros artísticos do mundo.

Por Reportagem Mariane Merisawa
Atualizado em 26 Maio 2022, 09h51 - Publicado em 7 jul 2014, 13h54

 

O veterano Frederick Wiseman, de 84 anos, é um dos documentaristas mais aclamados do mundo. Em sua carreira, ele já acompanhou o dia a dia de um cabaré (Crazy Horse, de 2011, em Paris), de uma companhia de balé (La Danse, de 2009, em Paris), de uma universidade (At Berkeley, de 2013, na Califórnia). Agora chegou o momento de mostrar o que suas câmeras captaram em mais de 170 horas de filmagem durante 12 semanas em um dos museus de arte mais importantes do mundo, a National Gallery, em Londres. O cineasta americano queria filmar dentro de um museu fazia mais de 30 anos. Por que acabou sendo na National Gallery? Questão de sorte. Ele estava esquiando na Suíça quando conheceu uma pessoa da instituição, que perguntou se nunca tinha pensado em fazer um documentário sobre um museu. “Foi mais sorte ainda porque a National Gallery é comparativamente menor do que o Louvre, o Hermitage, o Prado”, disse em entrevista com a participação de CASA CLAUDIA LUXO durante o Festival de Cannes, onde o longa-metragem foi exibido na mostra paralela. Com a permissão para filmar lá dentro, estava embutida a chance de usar qualquer obra de arte, entrar antes de abrir e ficar depois de fechar. No fim, aparece no filme, com mais de três horas de duração, um total de 255 pinturas das cerca de 2,4 mil obras da coleção. As escolhas se deram por motivos variados. “São quadros de que gosto ou sobre os quais os guias falam. Outros foram incluídos porque há alguém olhando e gosto do rosto de quem o está vendo”, disse Wiseman. Não há identificação da obra nem do pintor. “Quis mostrar as pinturas apenas, sem paredes ou molduras. Assim, podia passear com a câmera dentro de cada quadro, que se tornou mais vivo”, explicou. Uma das pessoas que aparecem no documentário menciona o fato de que uma pintura precisa criar uma história completa num único quadro, enquanto um filme é uma composição de vários. Sem identificação dos trabalhos e artistas, a vida do espectador fica mais difícil. Mas a ideia é fazer um passeio particular por um dos museus mais importantes do mundo. Seu acervo conta com arte do século 13 ao começo do século 20, incluindo obras-primas como Virgem das Pedras, do italiano Leonardo da Vinci, e Sansão e Dalila, do flamengo Peter Paul Rubens. Wiseman não entrevista ninguém, apenas acompanha as várias visitas guiadas que acontecem diariamente, as conversas entre curadores, o trabalho minucioso dos restauradores e até reuniões que discutem planos de marketing, por exemplo. “O longa fala das várias maneiras de contar uma história, numa pintura, numa escultura, na dança, na literatura. É de certa forma um filme sobre formas de arte diferentes.” Pelos discursos dos guias, novas luzes são jogadas sobre cada uma daquelas pinturas. Fazer o documentário também é um pretexto para observar o comportamento humano dentro daquela moldura. Aqui e ali, aparecem discordâncias. Mas seu interesse maior não está nas discussões nem nas politicagens. “Não há nenhuma experiência humana que não tenha sido coberta pelas obras de arte e com mais profundidade do que qualquer exibição de lutas de poder dentro da instituição poderia render. As pinturas contêm um pouco de tudo. De crueldade a ternura, está tudo lá!”, afirmou. Difícil discordar, e National Gallery promove uma espécie de visita guiada com um olhar dedicado de pessoas apaixonadas sobre alguns dos maiores tesouros artísticos já produzidos pela humanidade. l 

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