Entrevista com Sérgio J. Matos: origens revisitadas
O designer que fez um belo trabalho com artesãos na Amazônia se apresentou em Paris no último mês
A busca constante do designer brasileiro pelas referências nativas fez com que seu trabalho ganhasse projeção mundial. Nele, o mato-grossense resgata tradições do artesanato indígena de maneira atual. O designer participou da mesa-redonda mediada pelo diretor de CASA CLAUDIA, Alexandre Ferreira, na Maison & Objet, realizada em janeiro, em Paris.
Qual é a importância de valorizarmos a produção local no design?
O meu estúdio já trabalha bastante desta forma. Quando se trata de uma colaboração, refletimos sobre a contribuição desse trabalho para a comunidade. Não podemos levar uma técnica de um lugar para outro, mas mantê-las vivas em seus locais de origem. Esse é o foco, a gente sempre leva isso em conta. Buscamos um produto que seja bem aceito tanto pela comunidade quanto pelo mercado.
O que significa para você continuar trabalhando com materiais feitos a mão enquanto outros designers têm criado móveis tão tecnológicos?
Existe mercado para esses dois segmentos. Porém, acredito que algo feito por uma máquina não terá a mesma história que algo feito por uma pessoa. A peça acaba carregando um pouco do artesão e da técnica consigo, ainda mais se esta for centenária. Acho que a grande importância está mesmo no artesanal e quando você vende tem toda uma história.
Por que a sustentabilidade é uma preocupação central no seu trabalho?
Trabalhamos com coleta artesanal, nada que seja retirado ilegalmente. A piaçava, por exemplo, é uma preocupação grande, para que uma produção em larga escala não acabe com esse tipo de fibra. Às vezes, é difícil ter a peça inteira sustentável, mas tentamos fazer o máximo que podemos.