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Edifício Corujas em São Paulo privilegia o convívio em harmonia

A ideia de criar uma atmosfera descontraída em um empreendimento comercial foi o que inspirou o escritório FGMF Arquitetos a projetar o Edifício Corujas, em São Paulo.

Por Reportagem Nádia Simonelli
Atualizado em 25 Maio 2022, 18h46 - Publicado em 17 abr 2015, 15h27

Quem passa pela rua Natingui, no bairro paulistano da Vila Madalena, não deixa de notar a presença de um prédio que se destaca entre os demais. Trata-se do Edifício Corujas, que não se fecha para a calçada e estimula a convivência entre as pessoas que lá trabalham, graças aos seus jardins e espaços internos integrados. O projeto inovador leva a assinatura dos arquitetos Rodrigo Marcondes Ferraz, Fernando Forte e Lourenço Gimenes , do escritório FGMF Arquitetos.

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A seguir, eles contam como desenvolveram essa ideia e revelam um eclético repertório de referências.

Quais as principais características do projeto?

Acreditamos que o Corujas é um exemplo oposto dos prédios de escritórios da cidade. Uma forma diferente de ambiente de trabalho. Como: intenções de socialização entre os usuários com amplas áreas de convivência, jardins suspensos, o grande painel artístico, circulações abertas de onde é possível observar todos os escritórios. 

De onde veio a inspiração?

O ponto de partida foi tentar criar um prédio de escritórios que fosse agradável, que se assemelhasse um pouco a uma casa ocupada por escritórios. 

Como ele se relaciona com o espaço público?Estabelecemos um recuo maior do que o necessário na frente do terreno e deixamos a construção aberta para a rua com a instalação de jardins e uma pequena praça pública. Em breve, serão colocados bancos e mesas para ajudar os food trucks que costumam estacionar ali. Recentemente, transformamos algumas jardineiras em uma arquibancada pública, pois notamos que muita gente ficava naquele espaço, especialmente na hora do almoço. O edifício também é o responsável pela praça Linear das Corujas, que fica localizada atrás. O respeito pelo entorno e pela escala da Vila Madalena também foi fator muito importante.

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Quais os maiores desafios durante a execução?

O terreno foi um dos elementos difíceis. Por se tratar de obra de pré-moldados, era necessário o uso de guindaste, e a logística de construção foi bastante complicada. Outro ponto que exigiu atenção é o fato de o nível da água ser muito alto por lá, o que nos levou a elevar um pouco o térreo para simplificar a obra do subsolo. Houve ainda a questão do encontro de estruturas metálicas com pré-moldadas, que a indústria de concreto não está acostumada a realizar. Por fim, a instalação dos revestimentos de madeira certificada exigiu um detalhamento cuidadoso.

O que esse projeto significa para vocês?

Ele é um dos mais queridos do nosso escritório por causa da possibilidade de propor uma forma diferente de trabalhar, um espaço de escritórios que fuja do convencional no meio da metrópole. Conseguir erguer o Corujas e ver a satisfação das pessoas que lá trabalham foi um passo muito encorajador. É como se fosse uma chancela de que os sonhos dos arquitetos são de fato possíveis e bem-sucedidos por empresas privadas mesmo em uma cidade com as complexidades de São Paulo. Passamos a ter mais certeza de nossos ideais depois dessa experiência.

Onde buscam inspirações?

Nossas inspirações vêm de locais muito diversos. Procuramos acompanhar o panorama nacional e internacional da arquitetura sem preconceitos, mas discutindo e compreendendo os erros e acertos. Viajamos bastante juntos e essas experiências se mostram muito importantes na hora de projetar. Outro aspecto interessante é a busca por inspiração em outras áreas – filmes, séries, exposições, artes gráficas, HQs e performances. Tudo isso acaba alimentando o ato de projetar, valorizamos muito sermos pessoas ativas, sociais e com interesses diversos. Não acreditamos em passar a vida atrás de uma prancheta.

Que personalidades admiram? 

Na arquitetura, principalmente Eduardo Souto de Moura, Peter Zumthor, Renzo Piano, Paulo Mendes da Rocha, Angelo Bucci, Affonso Eduardo Reidy e Lelé. No cinema, Stanley Kubrick e Wes Anderson. Na música, Miles Davis, Tom Jobim e o produtor de música eletrônica Gui Boratto. Entre os roteiristas de HQs, Alan Moore e Neil Gaiman. Nas artes, Chris Burden e Adriana Varejão. E, nas letras, Dennis Lehane.A arquitetura em uma frase.Arquitetura é onde crescemos, aprendemos, amamos, sofremos, vivemos e morremos.

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Edifício Corujas em São Paulo privilegia o convívio em harmonia

AS INSPIRAÇÕES

1. A inovadora fachada do Museu de Arte Moderna do Rio, assinado por Affonso Eduardo Reidy em 1948. 

2. Beam Drop, instalação do artista americano Chris Burden feita em Inhotim, MG, em 2008. 

3. Projetada pelo arquiteto Angelo Bucci,a casa em Aldeia da Serra, SP, de 2003, é uma das obras admiradas pelo trio do FGMF. 

4. Fotograma do filme Laranja Mecânica, de 1971, produzido e dirigido pelo cineasta americano Stanley Kubrick. 

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