Desenho Essencial de Jader Almeida
Com apenas 33 anos, Jader Almeida é um dos grandes destaques do design brasileiro. Sua trajetória acaba de ser retratada em livro pela Editora C4.
Dono de um traço elegante e racional, que dispensa detalhes excessivos, o catarinense Jader Almeida é um dos nomes mais importantes da nova geração do design brasileiro. Ele carrega em sua bagagem mais de 30 prêmios, como o do Museu da Casa Brasileira, o alemão iF Design Award e o americano Good Design. Isso prova que o sucesso não chegou por acaso, mas é fruto de muito estudo e dedicação. Formado em arquitetura, Jader tem 33 anos e mais de 30 produtos no portfólio. Ele começou cedo – aos 16 teve seu primeiro contato com a indústria moveleira em uma fábrica na região Sul. A partir daí, não parou mais. Investiu em pesquisa de processos e métodos produtivos até chegar ao desenvolvimento do que é conhecido como design autoral fabricado em grandes tiragens. Assim, desde 2004 desenha peças para indústrias, principalmente para a marca Sollos, sua principal parceira. A premissa de criar um mobiliário durável, de geometria simples e muita qualidade o levou para além das fronteiras do país. Desde 2013 integra a equipe de designers da marca alemã Classicon. E em abril, na última semana de design de Milão, apresentou suas criações ao mercado estrangeiro em um espaço na badalada região de Brera. Para celebrar o sucesso deste ano tão agitado e cheio de conquistas, a Editora C4 acaba de lançar o livro Jader Almeida, a Atemporalidade do Desenho, com textos em português e inglês. Escrito pela mineira Adélia Borges, jornalista e uma das principais vozes do design nacional, o livro traz 120 páginas que revelam o processo criativo e o dia a dia de suas pesquisas.
ENTRE CONVERSAS
Adélia Borges é uma das grandes propagadoras do design brasileiro mundo afora. Seu olhar afinado conduziu a história de Jader Almeida no formato de uma grande entrevista, produzida durante cerca de cinco encontros em São Paulo e Florianópolis ao longo de um semestre.
Escrever esse livro era uma vontade ou foi um convite?
Foi um convite da Cris Correa, diretora da Editora C4. Eu já havia colaborado com ela no livro sobre o Fernando Prado e sobre a Ovo.
Como você avalia a importância da vivência de fábrica para esse trabalho tão consistente?
O Jader conjuga o design autoral com a produção industrial em altas séries. Isso é raro ainda em nosso país. Essa é a diferença substancial entre ele e outros designers de móveis. É impressionante o conhecimento técnico que ele acumulou e que lhe permite soluções estéticas notáveis.
Jader escolheu permanecer em Santa Catarina, que está fora do circuito de design, e mesmo assim vive um momento forte de expansão. Como se deu o sucesso?
As noções do que é centro e do que é periferia estão em mutação no mundo atual, em que os meios de comunicação são instantâneos. Acho que o Jader sabe usufruir do melhor dos dois mundos – o empreendedorismo catarinense, o ambiente extremamente propício à produção e o acesso aos maiores centros urbanos e às premiações internacionais. Sou curadora da próxima Bienal Brasileira de Design, que abrirá em maio de 2015, em Florianópolis. Por causa disso, tenho ido com frequência ao estado e tenho me surpreendido com uma produção extremamente pulsante e diversa.
Qual é o público esperado para o livro?
Os profissionais e estudantes da área. E também todos os amantes do bom design – universo que está crescendo significativamente em nosso país.