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Conheça o ateliê da artista Maria Klabin

Cenas quase singelas inspiram a obra da artista plástica carioca Maria Klabin, que desenha com seu traço minimalista um universo de sentidos e sensações.

Por Reportagem Simone Raitzik I Fotos André Nazareth
Atualizado em 9 abr 2024, 11h47 - Publicado em 20 nov 2012, 20h50
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*Matéria publicada em Casa Claudia Luxo #31 – Novembro e Dezembro de 2012

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Houve uma época em que a jovem Maria Klabin tinha dois caminhos pela frente: a dança ou a arte. Essas atividades preenchiam sua rotina ainda adolescente, marcada por aquelafartura de tempo para experimentar todas as possibilidades. Ora às voltas com os desenhos, ora com as aulas de balé, ela desde cedo foi explorando os limites da criação como uma forma de ser e de estar no mundo. “Eu sabia que fazer bem um traço no papel não significava ser uma artista. Mas queria entender até onde esse traço poderia me levar. Buscava, e ainda busco, vivenciar todas as etapas de cada processo. Sem pressa e intensamente”, diz ela.

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Foi assim, construindo aos poucos sua trajetória, que se mudou aos 17 anos para os Estados Unidos, onde estudou História da Arte e Filosofia. Ali percebeu que o caminho das artes plásticas era uma escolha definitiva, não tinha mais volta. Foi assistente em um ateliê e, em seguida, se inscreveu em um mestrado na londrina Central Saint Martins College of Arts and Design. E assim descobriu seu estilo, com formas que lembram esboços e, geralmente, em tons que variam entre preto, branco e cinza. “Sempre fui obcecada por imagens familiares e elas foram o ponto de partida da minha obra. Da fotografia ao traço com grafite, gosto da linguagem do inacabado, da sombra do traço. Acho que estou sempre à procura de algo que não é óbvio, mas que me é muito próximo e cotidiano”, conta. O processo de Maria foi longo. Depois de dez anos morando fora, ela voltou para o Rio, montou seu ateliê em uma casinha antiga no Horto, com direito a pés de jambo e jabuticaba no quintal, casou com um cineasta e teve dois filhos, hoje com 5 e 3 anos. Parou por um tempopara se dedicar mais intensamente à vida de mãe. Mas logo as imagens voltaram a tomar forma, os rabiscos ganharam uma proporção maior e a vontade de retomar o trabalho prevaleceu. No ano passado, voltou à ativa, disposta a conciliar seus dois mundos.

 

De vez em quando, leva as crianças para o ateliê, enche a mesa do jardim de lápis de cor e papéis e incentiva que elas inventem histórias e brinquem na árvore que parece uma cabaninha. “Impossível negar que essa vida de mãe não influenciou minha obra. Parei por um tempo, refleti, organizei a casa e agora retomei minha trajetória, permeada de cenas daminha rotina”, revela. Portanto, em suas telas pinceladas com tinta a óleo sobre compensado de madeira trabalhada com gesso, pequenos traços alinhavam silhuetas de pessoas brincando na água do mar. A imagem é de uma praia, mas não há cor: os tons variam do cinza a um intenso azul. “Esse visual eu roubei da janela do meu apartamento. De tanto olhar a vista, ela se tornou um cômodo melancólico da casa. E resolvi pintá-la de várias formas, sempre buscando um traço quase imperceptível, minimalista, nada nítido”, afirma. Sua última exposição, com esse trabalho delicado, mas visceral, teve assumidamente o objetivo de emocionar e buscar o encantamento infantil, que faz agora parte de seu dia a dia. “Pela reação das pessoas, acho que consegui tocá-las de uma forma suave, mas contundente”, revela.

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As praias de Maria continuam lotando paredes e mesas de seu ateliê. Ali, entre o piso de cimento, o espaço aberto com pé-direito alto e o mezanino, Maria se cerca de trabalhos emandamento. Sobre a mesa, os esboços feitos de grafite revelam sua paixão por estudos. “Não me limito a um único suporte. Eu confio que sou uma pessoa só e que tudo que faço tem coerência. O importante é que transito em diferentes mundos e essa versatilidade está presente na minha obra”, conta ela, confessando que adora especialmente estudos ampliados, granulados, que revelem a espontaneidade do traço. “Um dos meus preferidos é o retrato que fiz do meu irmão Maurício, já falecido. Ali há muito da minha relação com ele”, diz. Dele, que era designer, guarda ainda pequenos tesouros, como a poltrona Flor, de sua autoria, onde senta para dar uma olhada nas referências que tanto a inspiram, como os livros de Muybridge, Brancusi, Sol LeWitt, Georges Seurat e Eva Hesse. Entre um desenho e uma pincelada, mexe ainda no barro, como uma catarse. “Sempre começo um trabalho com plano definido. Mas reajo a ele a partir da primeira pincelada, criando um eterno questionamento. É esse embate que me move.”

*Matéria publicada em Casa Claudia Luxo #31 – Novembro e Dezembro de 2012

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