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Coleção de pratos de Vik Muniz tem estampas de bactérias (e são lindas)

Elas são lindas e vão fazer sucesso no seu jantar, mas prepara: esta coleção de porcelana do Vik Muniz é estampada por imagens de colônias de bactérias. Ela estará na mostra Releituras da Natureza-morta, na Carbono Galeria, em São Paulo, no fim do mês

Por Texto: Liége Copstein | Fotos: Divulgação
Atualizado em 25 Maio 2022, 18h07 - Publicado em 22 jul 2015, 19h19
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Fotos mimetizando pinturas clássicas tendo como modelos catadores de recicláveis do Jardim Gramacho, RJ, reproduzidas peças de refugo para a Junk Series (2005) e deram origem ao documentário Lixo Extraordinário (2010)  (/)
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O artista brasileiro, radicado em Nova York, encontrou beleza onde menos se espera. Os pratos de porcelana, criados para a marca francesa Bernardaud, trazem, em belas cores e formas, estampas das colônias de bactérias pesquisadas pelo bioengenheiro norte-americano Tal Danino no Massachusetts Institute of Technology (MIT), que mantém um programa interativo entre ciência e arte (abaixo, você confere uma entrevista com o bioengenheiro). Os dois se conheceram por meio desse projeto, e Vik logo notou potencial no material. “As bactérias interagem umas com as outras a nível microscópico, comunicando onde e quando eles devem procurar comida. Nesta série, cepas de Paenibacillus e Salmonella, conhecidas por causar uma variedade de doenças como intoxicação alimentar, febre tifóide, entre outros males, são autorizadas a crescer e se espalhar em pratos. Os padrões emergem a partir de uma inicial população de bactérias que nadam para fora através de um gel usando suas caudas e assim criando o equivalente a um tráfego microscópico de bactérias”. E finaliza: “imagine você informar aos convidados de um jantar que aquela incrível imagem no fundo do prato é salmonela?”.

Como funcionou a parceria entre a sua ciência e a arte de Vik para criar a coleção Petri?

Vik é uma das pessoas mais criativas que já encontrei. A ideia para a coleção Petri surgiu quando visitamos o laboratório do MIT (Massachussets Institute of Technology) e percebemos que para o projeto Colonies (outra parceria da dupla que envolve células tumorais) precisávamos de tecnologia para produzir imagens pequenas que pudessem ser vistas inteiramente ou em detalhe. Eu desenvolvi esse método, o que demorou quase dois anos. Lembro de falar com Vik sobre “placas” de bactérias ou “pratos” de Petri (que é uma terminologia científica), e Vik sugeriu que seria legal se pudéssemos fazer pratos de verdade a partir das bactérias mais interessantes. Por exemplo, se pudéssemos comer galinha num prato feito de salmonella (microorganismo que se desenvolve mais comumente a partir da deterioração desse tipo de carne). A partir daí cultivei placas de bactérias e Vik criou e coloriu as imagens finais, que foram depois enviadas à Bernardaud para fabricar a coleção.

Como seus colegas cientistas vêem o seu envolvimento com arte?

Muitos deles amam essas diferentes formas de arte porque elas salientam o interesse pela ciência de uma forma mais criativa. O MIT Center for Arts, Science and Technologies também faz muito no sentido de promover esse encontro, principalmente desenvolvendo projetos de artistas residentes que vêm colaborar com seus cientistas e engenheiros.

Você já tem em mente um próximo projeto envolvendo arte?

Tenho um projeto em andamento que explora como os microorganismos dentro de nós são uma importante parte da nossa identidade, da mesma forma que nossas identidades como humanos têm sempre sido ligadas às estrelas no céu (astrologia). Essa ideia surgiu quando eu calculei que existem mais bactérias nos nossos corpos do que estrelas em toda a galáxia, e a imagem de um dos pratos da coleção Petri (Salmonella) foi o que me inspirou a fazer essa conexão.

 

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