Carta do editor: a arte de contemplar
As horas de lazer e tempo livre para observar a paisagem lá fora encontram parceria perfeita na sombreada e ventilada varanda
De origem moura e asiática, esse espaço chegou ao Brasil como uma solução climática de adequação às construções portuguesas. Elemento de transição entre a casa e a rua, foi um dos poucos pontos de contato das mulheres com o mundo exterior durante o período colonial. Numa época na qual a desigualdade de sexos era instituída, contemplar a vida através do muxarabiê (treliça de madeira colocada nas janelas) era a única experiência possível para se inteirar dos acontecimentos.
Esse lugar especial, séculos depois, volta a ter destaque no projeto de casas e apartamentos e se liga a outros ambientes. Com grandes aberturas para a luz natural, redescobre sua essência e convida a cidade a entrar. Ah, claro: muito bem adaptado aos novos tempos, resolveu, ainda, abrigar outras funções, da gastronomia aos hobbies e brincadeiras. Definitivamente, resgata sua vocação para a alegria e o prazer.
Mas, veja bem, integrar e decorar uma área com tanta história e personalidade não é tão fácil assim. Mesmo para aqueles com rico repertório visual, a realidade pode se apresentar muito distante dos ideais da fantasia. Na reportagem Mirantes Urbanos, Olivia Canato, Simone Raitzik e Rosele Martins trazem espaços inspiradores e dicas para transformar o terraço num agradável local de convívio familiar e social. Cenário perfeito para conversas, lembranças e muita contemplação.