Bienal de Design: Raízes europeias
A origem de Santa Catarina explica o celeiro de bons profissionais nascidos e formados no estado. É o que defende a curadora adjunta Celaine Refosco* no terceiro artigo sobre a 5a Bienal Brasileira de Design
No próximo ano, pela primeira vez, a Bienal Brasileira de Design acontecerá em Santa Catarina, e essa escolha não foi à toa. Há uma cena pulsante de profissionais no estado, e um dos motivos está na história da industrialização catarinense. Muitos dos que chegaram ao estado, a partir de 1860, eram operários da experiente indústria europeia e, por absoluta necessidade, começaram a produzir os bens dos quais precisavam num ambiente inóspito – no meio da floresta úmida, local mais afável para as bananeiras do que com as pessoas. Apesar das condições adversas, o conhecimento agrícola trazido de fora possibilitou o início de um sistema produtivo familiar tão eficiente que, aos poucos, o excedente passou a ser comercializado pelas redondezas. Quando as estruturas foram criadas, em especial depois da construção das estradas de ferro, produtos catarinenses ganharam alcance, chegando a Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Essa mesma atitude empreendedora, que permitiu variado leque de produção favorecido pela cultura de influência europeia e pelo contato com outras regiões, nutriu um elo de inovação e troca com o mundo, característica até hoje presente e perceptível nas empresas e nos profissionais da região. Reconhecidos como produtores de qualidade, os catarinenses poderão se ver e ser vistos em Florianópolis, de maio a julho de 2015, como propagadores de design. Essa será uma oportunidade para que o restante do país visualize o panorama do que se fabrica em Santa Catarina – uma produção autêntica, assinada por designers daqui e do exterior, de diversidade expressiva, que vai de botões a aviões.
*A designer Celaine Refosco será curadora adjunta da bienal de 2015, na qual assina a exposição Criação Catarina.