Aromas, chás e temperos de lavanda são produzidos no interior de SP
A dona deste sítio no interior paulista nunca imaginou cultivar perfumados campos de lavanda, como os que garantem a fama da Provença, a charmosa região do sul da França. Mas, quando a oportunidade surgiu, ela investiu num delicioso ofício, que soma novos encantos, essências e sabores à rotina dela e dos visitantes do lugar.
Lavandas nem eram as plantas favoritas de Fernanda Freire. Mas, quando o acaso deu à produtora cultural a chance de comprar uma propriedade de 96 mil m² em Cunha, a 225 Km da capital paulista, as graciosas florzinhas púrpura invadiram o cotidiano dela. “A geografia do sítio lembra a da Provença: o lugar tem clima frio porém ensolarado e se separa do mar pelas montanhas”, diz a moça, que se recordou dos arbustos de fragrância adocicada, símbolo daquela região francesa, ao imaginar a melhor maneira de ocupar tamanha vastidão de terra. Da meia dúzia de mudas cultivadas como teste nasceram 25 mil pés, que hoje, atraem abelhas e visitantes empolgados com a possibilidade de ver de perto as áreas plantadas, conhecer o processo de extração do óleo essencial e experimentar e levar para casa suas variadas aplicações – decorativas, medicinais, cosméticas e gastronômicas. “Antes, eu achava a espécie bonita e só”, conta, aos risos. “Agora, sei que ajuda a curar praticamente tudo, de insônia a picadas de inseto, passando por queimaduras e dores musculares e reumáticas”, fala. Como se já não fosse suficiente, as minúsculas flores são um ingrediente bem-vindo em pães, bolos, biscoitos, molhos, chás e sorvetes, além de matéria-prima de sachês, xampus, hidratantes, sabonetes e colônias com perfume suave e relaxante. Com tantos atributos, a lavanda acabou conquistando Fernanda por completo. Tanto que ela nem sente os percursos semanais entre São Paulo, onde mantém a atividade como produtora cultural, e o sítio batizado Lavandário, no qual trabalha de sexta a domingo – tampouco reclama da dupla jornada. “Sempre fui superurbana e agora me vejo amando a tranquilidade do campo. Consegui reunir os dois universos no meu dia a dia e, de quebra, ajudar outras pessoas a viverem com mais saúde e bem-estar”, afirma, orgulhosa da receita de felicidade que viu desabrochar em meio aos campos perfumados.
Tipos e finalidades: O sítio abriga seis variedades da planta. Conheça cada uma e suas respectivas indicações.
1. Lavanda stoechas pendunculata: Versão híbrida neozelandesa usada como tempero em carnes e massas.
2. Lavandula angustifolia ‘Hidcote’: Suas flores fornecem um óleo ideal para aromatizar sorvetes e outras iguarias.
3. Lavandula stoechas stoechas: De origem mediterrânea, empresta sabor a saladas, além de peixe e frango.
4. Lavandula angustifolia ‘Grosso’: Com propriedades medicinais e culinárias, é ingrediente de doces.
5. Lavandula dentata: Alivia dores, artrite e picadas. Desidratada, recheia sachês e almofadas terapêuticas.
6. Lavandula multifida sidonie: Substitui o manjericão no molho pesto e condimenta carnes exóticas.