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Alexandre Calder ganha retrospectiva em Londres

O consagrado artista plástico Alexander Calder ganha a maior retrospectiva já feita de seu trabalho em Londres

Por Texto: Helena Tarozzo
Atualizado em 25 Maio 2022, 14h23 - Publicado em 7 jan 2016, 20h07

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Conhecido por suas peças escultóricas e dançantes, o norte-americano (1898- 1976) é tema da mostra Alexander Calder: Performing Sculpture, na Tate Modern. Elatrazatéomóbile Black Widow (1948), do acervo do Instituto dos Arquitetos do Brasil, regional São Paulo (IAB-SP), recém-restaurado. Leia a entrevista com o curador do museu, Vassilis Oikonomopoulos.

As esculturas performáticas de Alexander Calder

Em entrevista à CASA CLAUDIA, curador da Tate Modern fala sobre a exposição em cartaz em torno da obra do artista norte-americano

Conhecido por suas peças escultóricas e dançantes, o norte-americano Alexander Calder (1898 – 1976) é tema da mostra Alexander Calder: Performing Sculpture, na Tate Modern, em Londres. Ela traz até o móbile Viúva Negra (1948) natural do acervo do Instituto dos Arquitetos do Brasil, regional São Paulo (IAB), restaurada em Nova York especialmente para integrar a exibição. Aqui, você confere uma entrevista com um dos curadores individual, Vassilis Oikonomopoulos, que falou com exclusividade à revista sobre a obra de Calder, sua relação com o Brasil e a relevância de falar dela hoje.

Qual a importância de olhar novamente para a obra de Alexander Calder em uma exposição como essa?

O mais interessante em seu trabalho é que Calder não só inventou uma nova forma de escultura, ao introduzir elementos cinéticos naquilo que até então era uma forma estática, mas, se olharmos a obra em uma perspectiva contemporânea, sua escultura se tornou uma fonte de inspiração para uma vasta gama de produtores culturais. Sua maneira de explorar formas que se envolvem no tempo e no espaço é algo particularmente importante no momento em que diversas tecnologias são criadas e que a arte experimental se torna um modelo chave. Então, olhando pela ótica da performance, seu trabalho tem muita aproximação com esta prática corporal. Quando temos o trabalho de Calder à nossa frente, ele realmente transforma a experiência entre público e obra pelo fato de a obra se mover sozinha. É exatamente o reverso de uma experiência comum de arte. Você não precisa circundar a obra, uma vez que ela própria se move e existe no mesmo espaço que você. São temas bem importantes diante do fato de que a performance tem se tornado cada vez mais relevante na arte contemporânea. Imagino que a obra dele não foi vista desta maneira antes e isso é algo que torna a exposição única e o seu trabalho tão relevante até os dias de hoje.

Terão mais de cem obras na exposição. Além dos móbiles, o que mais o público poderá ver?

Fizemos uma seleção bem criteriosa. A exposição começa com uma bela seleção de esculturas de arame. Temos também trabalhos referentes à série Circo e suas performances do Circo – um trabalho que ele desenvolveu enquanto morou em Paris e que praticamente o fez se tornar parte da cena parisiense de artistas entre os anos 1920 e 1930. E, depois disso, temos trabalhos motorizados. Não sei se você sabe do que estou falando, mas de 1930 a 1935, por causa de seu passado como engenheiro, ele produziu obras com motor elétrico para criar movimento. Depois, temos quatro painéis que são como pinturas expandidas, amostras do que viriam a ser seus móbiles no futuro. Na maioria, são painéis monocromáticos nunca exibidos lado a lado, e, logo em frente a eles, já temos elementos suspensos. Acho que é uma sala muito forte. Depois, claro, temos vários móbiles, incluindo o Viúva Negra, que é um trabalho fantástico. Estamos muito contentes por ele ter vindo para a exposição.

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Vocês falam da relação de Calder com o Brasil? Ele foi muito amigo de grandes figuras brasileiras, entre poetas, arquitetos… Terá algo sobre isso junto do móbile Viúva Negra?

Pendurada em uma sala só para ela, a obra fecha a exposição. Tentamos trazer seu envolvimento e engajamento com o Brasil, falando de como ele se tornou parte de um período muito particular no modernismo brasileiro e como sua prática foi muito próxima a dos modernistas e do que era produzido naquele momento no país. O Viúva Negra foi criado em 1948 e foi exposto duas vezes no Brasil neste ano – em São Paulo e no Rio de Janeiro. Logo depois, foi doado pelo próprio Calder para o IAB em agradecimento ao apoio que deram durante as exposições. Devo dizer que, pelo que achei em minhas pesquisas, o móbile não parece ter sido tão bem recebido no Brasil.

Por que não foi bem recebido?

Era um período em que as barreiras entre o tradicionalismo e a arte experimental moderna ainda não estavam bem definidas, não se tratava de uma forma de arte bem aceita. Então seu trabalho não foi considerado tão interessante.

Talvez fosse muito moderno para a época?

Sim, exatamente. Mesmo que muitos arquitetos brasileiros tenham se encontrado na obra do artista e tenham considerado seu trabalho como um exemplo de suas próprias ideias, a elite cultural ainda não se identificava tão bem com ela. Atentos a isso, os arquitetos levaram Calder a faculdades para dar palestras e criaram um grupo para apoiar seu trabalho, que estava muito conectado com a arquitetura brasileira do momento. Por isso ele passou a criar fortes laços com estas personalidades e, em consequência, veio a doação do móbile depois das duas exposições. É uma parte muito interessante da história moderna. É fascinante a conexão entre diferentes tipos de modernidade, diferentes tipos de momentos modernos. O Modernismo brasileiro era bem avançado, principalmente na arquitetura, enquanto o norte- americano já era muito poderoso e guiava o desenvolvimento da época. Então, é muito bom ter um exemplo de como estes dois mundos, de certa forma, se encontraram muito bem.

Você acha que ele era alguém que se divertia fazendo arte?

Penso que ele gostava de criar trabalhos que poderiam se comportar de uma maneira diferente, que fossem um passo além. Ele realmente desfrutava do fato de as pessoas poderem olhar a sua obra e se sentirem felizes. Foi uma época em que ele se tornou muito próximo de outros artistas residentes em Paris. Então diversão, experimentação, criatividade e pensamento estavam bem dentro de seu trabalho, com certeza.

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A Tate Modern tem focado ultimamente em exposições de grandes mestres modernos. No ano passado apresentou uma grande exposição de Henri Matisse, por exemplo. Poderia falar um pouco sobre isso?

É ótimo poder exibir estes mestres modernos, porém é melhor ainda poder distinguir suas práticas, ser capaz de mostrar novos aspectos de seus trabalhos, não explorados no passado e não tão evidentemente associados a suas carreiras. Por exemplo, na de Matisse, com os Cut-Outs, exibimos uma perspectiva de como seu trabalho evoluiu. E, no caso de Calder, mostramos o aspecto performático. É uma maneira de trazer novos pensamentos e ideias sobre cânones da arte.

O que você aprendeu com Calder?

Ele nunca teve medo de grandes ou pequenas escalas. De pegar algo extremamente familiar ou parte de seu dia a dia e transformar isso algo tão inesperado, tão novo…Fazer arte disso. Isso é o mais importante que surgiu com as pesquisas até agora. O fato de ele sair da escala mais íntima e ir para o quase fantástico e monumental – o que é absolutamente incrível.

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