Sou o dono do Mec Favela
A freguesia deu nome à minha lanchonete. Mas o capricho no lanche é meu e da Maria
A fama da nossa lanchonete já aumentou
tanto que vem gente de bairros até 20 km
distantes para comer aqui
Foto: Arquivo pessoal
A garotada de Heliópolis falava: “Vamos lá no Mec Favela!” O nome pegou e eu adotei. O cliente tem sempre razão, né? E foi assim que a lanchonete improvisada que eu tinha na garagem de casa se tornou uma das mais famosas da maior favela de São Paulo.
Meu mote é comida boa a preços populares. Tomo todos os cuidados com a higiene. Só uso ingredientes de boas marcas e mantenho a chapa sempre limpa. Sirvo aqui o que sirvo para a minha família.
Com R$ 1* dá para comer o hambúrguer, que no Mec Favela não é só pão e carne. Vem com maionese, tomate e alface. Tem também x-frango, x-bacon, x-calabresa, x-egg e x-salada, x-búrguer, misto-quente e bauru.
O carro-chefe é o x-tudo. É bem completo: calabresa, bacon, hambúrguer, maionese, queijo, presunto e ovo. Tudo por R$ 5* (*valores praticados em agosto de 2007).
Como muitos lá de Pernambuco, vim para São Paulo ainda garoto em busca de trabalho. Na capital fui cobrador, fiscal de ônibus e motorista até que conheci a Maria, em 1987. Ela era um mineira meio tímida que trabalhava como diarista. Nossa paquera começou num ponto de ônibus e terminou em casamento.
Com o casório veio o sonho de ter um negócio próprio e largar a vida de empregado. Compramos então um pequeno terreno na favela de Heliópolis, construímos nossa casinha e vendemos doces na garagem. Passamos para as coxinhas e depois veio a lanchonete, com um cardápio copiado.
Vendo 300 lanches por semana
Dois anos e meio se passaram até que eu conseguisse alugar uma loja e sair da garagem. Hoje trabalho com a minha mulher e mais duas funcionárias, vendendo de 200 a 300 lanches de segunda a quinta. No final de semana isso dobra. Atendo toda a comunidade de Heliópolis e a fama do Mec Favela já aumentou tanto que vem gente de bairros até 20 km distantes para comer aqui.
Meu próximo objetivo é montar o Mec Favela numa loja de dois andares. Quero fazer um parquinho na parte de baixo para a criançada brincar à vontade. A lanchonete ficaria no andar de cima e seria mais espaçosa que a atual. Com ajuda de Deus e da Maria, que é meu braço direito, tenho certeza de que vou conseguir.
Temos quatro filhos. O exemplo que procuro deixar para eles está escrito em uma placa de madeira logo na entrada aqui do Mec Favela: “Não há crise que resista à força do trabalho sério!”