Sou dono-de-casa
Enquanto minha mulher paga as contas, eu arrumo a casa, cozinho, lavo e passo
O dono da história: Carlos Roberto de Paula, 48 anos, dono-de-casa e massagista, Santo André, SP
Reportagem: Ana Rita Martins
Detesto que mexam na minha cozinha.
Minha esposa sabe e fica bem longe
Foto: Rogério Pallatta
Acordo às 6h30 para fazer o café da manhã da Sandra. Enquanto ela toma banho, sirvo a mesa. Depois que ela come levo-a à faculdade e volto para casa, pois o meu dia é longo. Começo varrendo e passando o aspirador de pó na casa.
Limpo os móveis, lavo a louça e separo as roupas para lavar e passar. Nesse meio tempo, faço o almoço e, às vezes, deixo o jantar preparado. É assim que funciona meu casamento há 15 anos. A Sandra paga as contas de água, luz, telefone e resolve coisas como o seguro do carro, IPVA, conta no banco, enquanto eu sou o dono-de-casa.
Minha única responsabilidade financeira é fazer supermercado e o dinheiro para isso vem dos clientes que contratam minha massagem, pois sou terapeuta corporal. Se a Sandra tivesse que fazer mercado ia ser o caos, pois só eu sei quais são os melhores produtos, seja molho de tomate ou amaciante de roupa. E, já que ela não leva jeito pra essas coisas, prefiro cuidar pessoalmente.
Morro de ciúme da minha cozinha, não gosto que a Sandra fique se metendo. Prefiro que ela espere à mesa enquanto eu faço algum prato que ela goste, como a minha sopa de legumes com carne, que é uma delícia.
Escolho até a calcinha que ela usa
À noite, quando minha mulher chega em casa, sirvo o jantar. Depois, enquanto ela toma banho, eu abro o guarda-roupas, escolho uma calcinha, um sutiã, uma camisola e deixo estendidos em cima da cama para ela vestir.
É melhor assim. Como eu dobro as roupas na gaveta, prefiro eu mesmo desdobrar senão ela bagunça tudo. Aliás, a Sandra é muito bagunceira. Ela chega em casa, joga o sapato para um lado, a roupa para outro e eu saio recolhendo tudo. É do meu temperamento ser organizado.