Sheila Makeda: “Não deixei que meus desafios me parassem”
A diretora da Makeda Cosméticos compartilhou sua história inspiradora de superação no Fórum CLAUDIA #EuTenhoDireito
A empreendedora Sheila Makeda subiu ao palco do Fórum CLAUDIA #EuTenhoDireito para falar sobre como aprendeu que dificuldade pode significar oportunidade. Mais de 20 presidentes de empresas se apresentam no evento ao longo desta terça-feira (06) em São Paulo.
Diretora da Makeda Cosméticos, Sheila faz questão de salientar que honrar as suas ancestrais é sua inspiração. “Apesar de todas as dificuldades, elas usaram a sua força para empreender. Com suas mãos curavam, faziam tranças, faziam doces e, ali, elas empreendiam”, disse.
Quando ela tinha sete anos, sua mãe, Sandra Silva, foi contratada como empregada doméstica e, paralelamente, vendia bolo e cachorro-quente para aumentar a renda. Sheila e sua irmã, Shirley Leela, a acompanhavam e, assim, desde pequenas, foram aprendendo a empreender.
Em 1992, Sandra passou em uma seletiva para trabalhar em uma empresa norte-americana de técnica capilar. Sheila e Shirley, ainda adolescentes, foram contratadas junto com a mãe, mas a empresa foi embora do Brasil dois anos depois, deixando-as desempregadas. “Como minha mãe sempre encontrou uma solução, ela disse ‘Vou alugar uma cadeira em um salão de beleza’. Mas ela teve muita dificuldade, porque nenhum salão queria uma mulher negra trabalhando nele”, contou.
Essa barreira foi o empurrão que faltava para a família abrir o seu próprio salão de beleza. Especializado em cabelos crespos, o Arte Axé ficou em atividade por doze anos, atendendo mais de 30 mil clientes, mas acabou fechando. “Esse fechamento do salão nos proporcionou algo muito valioso que a gente só entendeu mais pra frente”, antecipou Sheila.
Cada uma, então, seguiu o seu caminho. Sheila, por sua vez, foi estudar teatro, o que despertou seu interesse em ampliar seu autoconhecimento. “Eu fui buscar minhas raízes e descobri que eu era descendente de reis e rainhas. Esses eram os meus ancestrais e não o que eu via nos livros. A partir dali eu quis deixar o meu cabelo crescer original. Porque eu vi que as tribos africanas usavam seus cabelos crescerem como eles eram, e isso era muito lindo”, compartilhou.
Nessa época, ela atendia clientes a domicílio. Encantadas com os cabelo crespo natural de Sheila — que cuidava dele com todo esmero –, muitas delas quiseram adotar um visual parecido, mas expressavam dificuldade em encontrar produtos adequados para as características de seus fios.
Foi assim que Sheila, com a ajuda da irmã, que já tinha experiência em desenvolvimento de cosméticos, decidiu criar uma produtos especializados para cabelos crespos e cacheados. Durante a sua pesquisa para a criação dos produtos, ela relatou ter tido muita dificuldade em encontrar uma fábrica que topasse ajudá-la.
Até que Sheila encontrou uma gerente mulher de cabelos crespos que entendeu a importância de seu trabalho e, além disponibilizar a fábrica para a montagem da sua primeira linha de produtos, lhe deu o conselho que até hoje a motiva a seguir em frente: “Sheila, você é uma rainha e com seu projeto você vai poder ativar o brilho de outras rainhas.” Por isso, o nome da marca veio, justamente, de rainha de Sabá, Makeda, da Etiópia do século X a.C..
Depois de aprimorar os produtos com testes em clientes e ver muita gente descrente no trabalho delas, duas mulheres jovens negras, em feiras de beleza, as irmãs participaram da Feira Preta, em 2012, e seus produtos esgotaram. “Ali a gente entendeu que a Makeda tinha um potencial muito grande”.
Agora, 6 anos depois, a Makeda é uma marca com 17 produtos conhecida nacionalmente. “Tivemos muitos desafios — seja preconceito por ser mulher, por ser negra –, mas passamos por cima de alguma forma para que isso não nos parasse.” Contudo, Sheila não deseja parar de avançar.
“No nosso futuro, a gente pretende contar para mais e mais mulheres o quanto ela é linda, o quanto o cabelo crespo original é lindo”, disse. Além disso, a empreendedora pretende abrir filiais da Makeda, bem como empregar e capacitar mulheres em estado de vulnerabilidade e inclui-las em seu projeto de círculos de autoconhecimento.
Após saltar tantas barreiras com esforço do seu trabalho e da sua criatividade, a mensagem Sheila é positiva. “Eu tenho certeza que as práticas de igualdade e de oportunidade é que farão a gente mostrar para outras mulheres que elas também são capazes de tudo. Porque não existe limite para ninguém, independente de onde você veio.”