Secretariado online é opção a mulheres que perderam o emprego na pandemia
Com maior flexibilidade, o secretariado online é também uma nova forma de empreender. Conheça mulheres que se arriscaram no negócio
Para além da saúde, a pandemia do novo coronavírus trouxe desafios profissionais, sem dúvida. Para as mulheres, foi ainda mais impactante. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), sete milhões de brasileiras deixaram o mercado de trabalho – um número 25% maior em relação à mão de obra masculina.
Elas precisaram se reinventar nesse período e dar um novo rumo à carreira, especialmente para sustentar a família. Aquelas que já tinham vontade de empreender decidiram tirar do papel suas ideias e botar a mão na massa de vez.
Uma das áreas que se tornaram opção é o secretariado remoto. A recepcionista Laine Oliveira Gomes Duarte, de 31 anos, com dois filhos pequenos, de 3 e 1 ano, teve sua jornada de trabalho reduzida e só vai ao escritório três dias da semana.
Para complementar a renda, em setembro deste ano ela passou a ser secretária remota. “Eu já namorava essa profissão. Fiz um curso, comecei a conseguir clientes e agora eu estou conciliando com o meu horário de almoço. Às vezes, de manhã, começo antes do meu trabalho; nos dias do meu corte, concilio com as minhas atividades em casa”, conta a CLAUDIA. Originalmente, ela imaginava seguir por esse caminho apenas daqui a alguns anos, mas adiantou os planos.
“Minha rotina está uma loucura. Eu estou tentando me organizar, me adaptar”, conta. Mesmo antes de terminar seu curso de secretariado online, Laine já conquistou dois clientes, profissionais liberais. “Eu vi matérias falando sobre isso, comecei a estudar e me apaixonei pela liberdade de conseguir conciliar a maternidade com o trabalho remoto”, comenta.
O que é secretariado remoto e o que as secretárias virtuais fazem?
Mas, afinal, do que se trata essa modalidade de secretariado? “Como remotas, nós podemos executar as mesmas tarefas de uma secretária presencial”, explica Anna Oliveira, secretária remota especialista. “Gerenciamento de agendas, compromissos, planejamento de viagens internacionais ou nacionais, elaboração de propostas e documentos. Para o profissional de saúde, ainda cuidamos do agendamento e confirmação de consultas e planejamento financeiro”, complementa.
Anna, além de trabalhar com secretariado remoto há quatro anos, também é sócio-fundadora da Remottas, uma empresa que conecta secretárias online e clientes. “Ela surgiu junto com a pandemia. Eu vi essa oportunidade e em março começamos a franquia, respondendo à necessidade do mercado”, conta a CLAUDIA.
O isolamento social, na visão de Anna, ajudou a impulsionar essa forma de se fazer carreira. “A pandemia trouxe consigo a necessidade de estarmos mais conectadas de alguma forma, independente de ser na área profissional ou pessoal. Muitos especialistas dizem que estamos vivendo a revolução digital. Logo, aumentaram as nossas demandas e as ofertas para o secretariado online”, afirma. “Eu acredito, pela experiência que tenho no meio, que a demanda tende a crescer cada vez mais, uma vez que as empresas já estão abrindo os olhos, flexibilizando as políticas de home office”, opina.
Liberdade e flexibilidade são aliados do secretariado remoto
Jane Quadros, de 46 anos, começou a empreender em 2012 na área de cosméticos, mas não se sentia plenamente satisfeita com a sua carreira. Há cerca de dois anos trocou o trabalho pela função de secretária online. Através de uma mentoria ministrada por Anna, ela conheceu melhor a atividade. “Eu gosto muito dessa liberdade de trabalho e a flexibilidade de tempo”, conta.
“Eu tenho uma cliente que está comigo desde o início e é um trabalho que eu sou apaixonada porque eu faço de casa, dou toda a assistência remota a ela e é muito gratificante”, opina.
É claro que houveram dificuldades no começo, principalmente financeiras. “Muitas pessoas vinham me dizer: ‘Você precisa conseguir um emprego para ganhar salário fixo todo mês’. As pessoas no Brasil ainda têm essa cultura de que o trabalho em CLT é o que te dá garantia financeira e eu discordo totalmente disso”, opina. “Quando você se empenha para dar o seu melhor em qualquer função, você pode ter um retorno ainda melhor do que se você estivesse no CLT”, afirma.
Para ela, a pandemia ajudou a romper com essa mentalidade e fez aumentar a busca por trabalhos remotos. “A visibilidade para o segmento de secretariado remoto aumentou drasticamente. Eu acho que, na pandemia, quem se desafiou a encarar isso como uma oportunidade de trabalho só ganhou”, reflete.
Nayane Silva, 30, também começou por meio de mentoria, há dois anos, e hoje ministra seu próprio curso de secretariado remoto. Assim como Laine, ela foi atrás da oportunidade para complementar a renda, mas aos poucos o jogo se inverteu e ela passou a ganhar mais do que no emprego.
“Eu vejo muito mais vantagens do que desvantagens. Temos mais qualidade de vida, conseguimos conciliar o trabalho com a família e com outros compromissos pessoais. Entregamos resultados, não horas trabalhadas”, fala Nayane.
No curso ministrado por ela, Nayane orienta mulheres que querem empreender na área. “Eu tive bastante dificuldade em precificar o meu trabalho e sair da mentalidade do trabalho com carteira assinada, que tem patrão. Hoje, eu sou minha chefe”, lembra. “Eu falo para as minhas alunas que elas têm que aproveitar esse momento da pandemia e se jogar, mesmo que seja apenas para uma renda extra”, conta ela, que é professora de Laine.
Como começar a ser um secretária remota?
A pedido de CLAUDIA, Anna Oliveira elencou alguns conselhos:
- Faça cursos de mentoria sobre secretariado remoto;
- Pesquise bem o público com o qual você deseja trabalhar, entenda quais são as necessidades dele e se o seu serviço realmente atende às expectativas desses profissionais;
- Ofereça serviços que você saiba fazer com excelência;
- Não desista. Empreender não é fácil, mas com foco e objetivos bem definidos, bons resultados serão alcançados.