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Mulheres que empreendem: Uma perspectiva única no mundo dos negócios

No Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, elas comentam quais os caminhos da evolução para a igualdade de gênero no setor

Por Tainá Goulart
Atualizado em 19 nov 2023, 10h06 - Publicado em 19 nov 2023, 10h06
Empreendedorismo
No dia 19 de novembro é celebrado o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino (Hiraman/Getty Images)
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“Estou segurando vários pratinhos ao mesmo tempo, fazendo todos rodar, sem cair.” Essa frase, que parece uma cena de uma apresentação de circo, é um pouco do que acontece no dia a dia das mulheres que tentam empreender e de quem mantém seu negócio em crescimento no Brasil.

No dia 19 de novembro é celebrado o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, mas a pergunta que fica é se existe algo a celebrar? A resposta, segundo Carolina Fouad, gerente de projetos do Hub de Inovação Paulo Cunha do Insper e líder do Women in Tech, iniciativa da instituição que busca ampliar a presença de mulheres em carreiras de tecnologia e em postos de liderança, é que existe sim, porém, ainda precisamos de mais investimento e oportunidades. 

Empreendedorismo feminino
O desenvolvimento pessoal é essencial para o sucesso profissional (g-stockstudio/ThinkStock)

“O cenário para as mulheres empreenderem no Brasil, em geral, tem mostrado tendências positivas. Várias iniciativas e programas têm sido implementados para promover a igualdade de gênero nos negócios, proporcionando acesso a recursos, capacitação e financiamento para empreendedoras. As mulheres muitas vezes trazem uma perspectiva única para o mundo dos negócios, o que pode resultar em abordagens inovadoras e sustentáveis”, comenta Carolina. 

Ela pontua que, de janeiro a agosto deste ano foram abertas 2.716.269 milhões de novas empresas, totalizando 21,8 milhões de empresas ativas em todo o território nacional. Destas, 93,7% são de microempresas ou empresas de pequeno porte. 

Ainda segundo o Sebrae, as mulheres empreendedoras correspondem a mais de 10 milhões no mercado, sendo a maioria nas classes C, D e E. “Além de contribuir para o crescimento da economia e para a criação de empregos, o empreendedorismo feminino transforma também as relações sociais”, ressalta a gerente de projetos. 

Motivações convergem para a autonomia feminina

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Com números tão positivos, é preciso entender quais são os principais motivos que levam as mulheres a trilhar suas carreiras fora do ‘circuito tradicional’ de multinacionais e ascensão em cargos pré-estabelecidos. Muitas vezes, a autonomia fala mais alto, seja por vontade própria ou forçada, como a dificuldade de recolocação no mercado após a maternidade ou o etarismo, por exemplo. 

Dona do ateliê Que Costura, Tatiane Oliveira mudou de assistente administrativa para empreendedora quando sua filha, Sophia, nasceu, muito pela vontade de ter uma rotina mais flexível para acompanhar o crescimento da menina. Hoje, a empresária colhe os frutos dessa transformação pessoal, com um projeto de capacitação de futuras costureiras e seu próprio ateliê, a ‘Que Costura’, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.

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Tatiane Oliveira, dona do Que Costura, mantem projeto de capacitação de futuras costureiras em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro (@que.costura/Instagram)

“Não é fácil empreender, encontramos muitas dificuldades no dia a dia, ainda mais nós que trabalhamos com roupas, pois, qualquer erro ou falta de atenção pode comprometer uma peça inteira. Nós, mulheres, precisamos nos apoiar, inclusive, sempre prezo por priorizar a contratação de mulheres, pois acredito que somos mais cuidadosas, atentas e fazemos qualquer trabalho com muita eficiência”, conta Tatiane.

A vontade de cuidar dos outros também foi a propulsão de Joyce Rodrigues, farmacêutica bioquímica especialista em cosmetologia e presidente do Grupo Mezzo. “Com 14 anos, fui trabalhar numa farmácia de manipulação e, ali, encontrei o meu caminho. Sempre acreditei no poder do conhecimento, sempre questionei muito o que me falavam e queria entender e não apenas aceitar”, relembra Joyce. 

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Estudar, se acalmar e perseverar 

As duas empresárias (e diversas outras mulheres) dizem que começar não é fácil e que é preciso muito estudo e persistência. “Só se destaca aquele que realmente entende do seu negócio. Eu sempre acreditei no poder do conhecimento e ao longo da minha carreira eu entendi que um dos motivos que estacionavam os Profissionais de Estética era a falta de conhecimento sobre cosmetologia, algo fundamental para o crescimento de cada um”, explica Joyce, que vislumbrou uma oportunidade de negócio e criou um curso que, além de Cosmetologia, ensina Estratégia de Marketing, Gestão de Negócios, e Educação Financeira. 

Com passagens por grandes multinacionais e sua startup de delivery, a Avocado, que se tornou o Rappi Turbo, Mariam Topeshashvili, gerente geral da América Latina na LTK, afirma que a constância no acúmulo de conhecimento é o segredo para um negócio longevo. 

“Para empreender, a pessoa precisa questionar algum conceito ou algum processo existente para então pensar em soluções mais efetivas e revolucionárias. Dessa forma, o primeiro e principal aprendizado necessário é aprender a questionar e não aceitar verdades. Uma vez feito isso, para futuros empreendedores, recomendo estar aprendendo continuamente sobre gestão, liderança e negociação para criar um arsenal de ferramentas que irão construir a cultura do time e serão passados de líder para o liderado”, ressalta Mariam. 

Mariam Topeshashvili, gerente geral da América Latina na LTK, aponta a necessidade de estudo e aperfeiçoamentos constantes no empreendedorismo
Mariam Topeshashvili, gerente geral da América Latina na LTK, aponta a necessidade de estudo e aperfeiçoamentos constantes no empreendedorismo (@mtopesha/Instagram)

Além disso, a executiva destaca que estar antenada às novas tendências tecnológicas é muito importante porque muitas das startups mais bem sucedidas surgiram em momentos de inovação e mudança de mercado. “Conseguir se antecipar aos booms tecnológicos (pré-adoção em massa) é essencial para um empreendedor de sucesso”, diz Mariam. 

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A empresária Vi Zayat, fundadora do Ócio&Café, começou a empreender escrevendo poesias em canecas de porcelana, porém, sem sucesso. Quando resolveu escrever um palavrão, como uma forma de catarse, os negócios alavancaram e foi nesse momento que ela viu um potencial mercado. “Basicamente, o hábito de desenho e caligrafia vieram quando estava com sintomas de ansiedade. Com o palavrão, a gente começou a viralizar e vi que ali tinha poder. Também pegamos o começo do marketing dentro das redes sociais e percebi que as pessoas estavam interessadas em extravasar seus sentimentos de forma sutil. Hoje, a Ócio é uma pequena empresa que tem como missão levar alegria e risadas para o dia a dia dos clientes. Vi uma dor e resolvi tirar sarro disso. Deu certo”, recorda Vi.

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Vi Zayat idealizou a Ócio em 2014, quando começou com sintomas de ansiedade e passou a desenhar em canecas de porcelana (@vizayat/Instagram)

O negócio deu certo? Veja dicas de como mantê-lo e ainda evoluir

Depois de muitas lutas, finalmente, a mulher empreendedora consegue abrir seu negócio, Mas, com o passar do tempo, as contas desandam e o sonho esmorece e corre o risco de acabar. Essa trajetória pós-lançamento soa familiar? 

Então, isso tende a acontecer com muitas que empreendem, justamente pela falta de gestão e de manutenção da cultura da empresa. “O maior desafio para empreendedores que estão começando está em identificar com precisão seu cliente e ter clareza do diferencial da sua proposta de valor para ele. Isso, é claro, não é feito do dia para a noite: são necessários vários e vários ciclos e repetições”, explica Mariam. 

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Juliana Moura, diretora do Grupo Afine-se, ressalta a questão da sustentabilidade do negócio (@julianam_moura/Instagram)

Com mais de 350 estrategistas licenciadas pelo Brasil, Juliana Moura, empresária e fundadora do Grupo Afine-se, cujo foco são programas personalizados para mudança do estilo de vida, faz questão de apontar para a sustentabilidade do empreendimento. “O mercado de estética é um dos mais promissores, mas também um dos mais concorridos. Assim, com a experiência de ter começado pequeno e, depois, crescer nacionalmente, vejo que é preciso se aprofundar no cliente e compreender seus hábitos, para poder personalizar a experiência como um todo. Falo isso do ponto de vista macro e micro, com as minhas licenciadas”, fala Juliana.

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Delegar demandas e treinar funcionários foi um dos principais aprendizados que Vi teve com o passar do tempo. Com o crescimento das vendas, ela precisou aumentar sua equipe e passou pela transição de ‘faz tudo’ para ‘sou a alma do negócio’. “Foi difícil abrir mão de algumas tarefas e passar a confiar em pessoas, depois de tanto tempo sozinha. Porém, com essas ações, eu passei a me dedicar a outras áreas mais importantes, como estudar o público das redes sociais, fazer testes e gerir melhor os testes. Quando você cresce, a gestão de tempo fica muito mais desafiadora.”

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 Abaixo, confira 5 dicas que a Carolina preparou para os negócios que estão em fase de gestão: 

  1. Continue aprimorando seu plano de negócios. Avalie regularmente seus objetivos, metas e estratégias, para garantir que estejam alinhados com as tendências de mercado e as necessidades dos clientes.
  2. Mantenha uma gestão financeira eficiente. Acompanhe de perto as finanças, mantenha registros atualizados, e busque maneiras de otimizar os custos.
  3. Invista em seu desenvolvimento profissional e do pessoal que compõe sua equipe. Manter-se atualizada sobre as últimas tendências do setor e desenvolver habilidades adicionais pode impulsionar a inovação.
  4. Mantenha e expanda suas redes de contatos. Participar de eventos do setor, conferências e grupos de networking pode proporcionar oportunidades de colaboração, aprendizado e crescimento.
  5. Considere integrar práticas de responsabilidade social ao seu negócio. Além de contribuir para o bem-estar da comunidade, muitos consumidores valorizam empresas que demonstram um compromisso social.

“A inovação desempenha um papel crucial no sucesso contínuo do negócio, ela é, muitas vezes, a chave para a longevidade nos negócios. Esteja aberta a novas ideias, tecnologias e métodos que possam aprimorar seus produtos ou serviços.Isso pode envolver a introdução de novos produtos, a melhoria de processos internos, ou a adoção de novas tecnologias para atender às demandas do mercado em constante evolução. A inovação não precisa ser revolucionária, pequenas melhorias incrementais podem ter um impacto muito significativo”, finaliza Carolina. 

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