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Comecei minha rede de 6 lava-rápidos com R$ 6 mil

Com disciplina e criatividade, fiz meu negócio dar certo e agora vou inaugurar a sexta unidade!

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 21 jan 2020, 04h28 - Publicado em 12 jan 2010, 21h00
André Albert (/)
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Comecei minha rede de 6 lava-rápidos com R$ 6 mil

No total, nossos negócios faturam em média 
R$ 35 mil por mês
Foto: Bruno Stock

Dois anos atrás realizei um sonho. Aos 53 anos, comprei meu primeiro carro zero. Aposentei o Fiesta velhinho e me realizei numa Montana. Foi o prêmio que me dei pelo sucesso profissional e pessoal. Eu mereci. Passei por grandes desafios na vida.

Meu filho mais velho se suicidou em 1997, aos 17 anos. Em depressão, ele se jogou numa cachoeira rasa a um quarteirão de casa e fraturou o crânio. Foi difícil, tive de refazer minha vida.

Primeiro mudei de emprego, mas continuei descontente. Eu trabalhava no setor de contas a receber e faturamento de uma empresa. Ganhava R$ 700 por mês e tinha uma rotina bastante chata. Vivia brigando em casa, a ponto de jogar prato na parede. Eu estava decidida a me demitir. No entanto, não sabia o que fazer no lugar.

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Foi aí que meu marido teve uma ideia simples, mas brilhante. Ele trabalhava num edifício comercial de luxo como supervisor de segurança. Luiz Carlos disse: ”O que você acha de montar um lava-rápido lá no prédio?”. Era a sacudida de que precisava. Pedi as contas, alugamos o espaço por um preço camarada e em dois meses montamos o negócio. Aprendi os detalhes do ramo com os três funcionários que tinha contratado. Além disso, aproveitei a experiência do meu emprego antigo para administrar o dinheiro. Inaugurei o meu primeiro lava-rápido em 20 de março de 2001.

Pra começar, tivemos que investir uns R$ 6 mil, mais ou menos. Compramos os equipamentos básicos, tudo parcelado: aspirador, compressor, mangueiras, cera e demais produtos. Felizmente, a clientela era fiel e endinheirada. Os executivos costumam lavar o carro uma vez por semana, a R$ 20 cada.

Passei o primeiro Natal a arroz e ovo

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Não vou dizer que não tive dificuldades no começo. No ano em que montamos a primeira unidade, passamos o Natal à base de arroz com ovo. Tive luz e água cortadas em casa, porque bem nessa época o meu marido perdeu o emprego e foi me ajudar no lava-rápido. Mas não nos afundamos em dívidas.

Em dois anos, começamos a oferecer outros serviços, como polimento e consultoria automotiva. Essa foi nossa grande sacada. Muitas vezes nossos clientes não têm tempo de levar o carro para um conserto na oficina ou uma revisão na concessionária. Então, nos oferecemos para cuidar disso por eles, em troca de uma taxa. Deu certo!

Nosso segundo lava-rápido foi inaugurado dois anos depois do primeiro. Encontramos um ponto para alugar num estacionamento e decidimos investir – sem comprometer o lucro do outro. Senão, como a gente iria sobreviver, não é? E assim, de dois em dois anos, montamos mais um, e mais um, e mais um. Vamos abrir o sexto agora, no fim de janeiro. Vai ser uma loja chique de assessoria automotiva, pois o mercado está exigente.

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Nos nossos empreendimentos, fazemos quase tudo para deixar o carro mais bonito: de uma simples lavagem até a troca do estofamento. Os serviços mais pedidos são o polimento por fora e a higienização por dentro. Os fregueses são exigentes, principalmente com os bancos de couro, que precisam de cuidados especiais. Algumas outras coisas terceirizamos, como mecânico, cristalização de motor e martelinho de ouro.

Criamos até um curso apostilado

Infelizmente ainda falta mão de obra de qualidade pra trabalhar em lava-rápidos. Não tem quem ensine os detalhes do ramo. Um dia, escrevi umas normas numa folha para os meus funcionários. Meu filho mais novo, que é muito antenado, sugeriu que a gente montasse um curso de embelezamento automotivo. Passamos madrugadas no computador escrevendo, montando as páginas…

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Depois que a apostila ficou pronta, registramos os direitos autorais e abrimos cursos para formar mão de obra. De lá para cá, já montamos dez turmas, com no máximo cinco pessoas cada, para explicar direitinho a teoria e a prática. Falamos sobre tudo: técnicas de limpeza, de gestão, controle de estoque etc.

Comprei motos, carros… falta a casa!

No total, nossos negócios faturam em média R$ 35 mil por mês. Temos hoje 18 funcionários. Sobram uns R$ 5 mil para mim e para o Luiz. O problema de ser empresário é que você nunca tem um salário fixo. Mas não posso reclamar: tenho uma vida estável. Fora as despesas dos lava-rápidos, pago as parcelas de nossos dois carros e de duas motos da empresa.

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Ainda moro numa casa alugada, mas pretendo comprá-la, pois ela está em inventário. Meu filho tem 26 anos, está noivo, é bem-sucedido e cursa a segunda faculdade. Acho que tenho motivos para estar feliz, não?

O segredo é calcular tudo

Luiz Carlos de Paula, 52 anos, empresário, Curitiba, PR

”É preciso ser organizado e persistente pra chegar onde chegamos. Só depois de quatro anos conseguimos investir no nosso conforto, comprar eletrodomésticos, trocar de carro. Antes, o lucro garantiu a solidez do nosso negócio. Temos estoque de tudo, tanto de produtos como de equipamentos. Assim, se um aspirador quebrar, temos outro para substitui-lo e não perdemos o cliente. Além disso, fiz um cálculo para saber quanto gastamos para lavar um carro. Considerei tudo: o tempo gasto, o rendimento dos produtos, a mão de obra. Aí, vi que era possível lucrar cerca de 30% do valor cobrado. Vamos abrir uma loja de assessoria automotiva, um serviço que hoje só prestamos para clientes VIPs. Então, se um advogado precisa viajar e quer consertar o carro, ele deixa na nossa mão. Aí, levamos na oficina, devolvemos e fazemos todo o acompanhamento por e-mail. Isso é fruto de muito trabalho e planejamento. O que conquistamos em nove anos tem gente que em 30 não consegue.”

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