No-Poo e Low-Poo: o que você precisa saber sobre esses dois métodos de lavagem capilar
Os chamados “No-Poo” e “Low-Poo” têm sido cada vez mais adotados em salões de beleza e também em casa para a lavagem dos cabelos cacheados. Mas o que são e como aderir ao movimento?
No-Poo e Low-Poo: qual a diferença?
“No-Poo” (algo como “nenhum-xampu”) e “Low-Poo” (ou “pouco-xampu”) são ambos métodos de lavagem capilar que se propõem a cuidar dos cabelos da forma mais natural possível, ou seja, sem agressões químicas. São técnicas de limpeza dos fios geralmente feitos com bálsamos limpantes suaves em vez de xampu tradicionais.
Sabrinah Giampá , autora do blog Cachos e Fatos, explica que a diferença entre os métodos está na quantidade de substâncias químicas agressivas usadas no processo: o No-Poo dispensa totalmente surfactantes (emulsionantes), silicones, parafina líquida e qualquer derivado de petróleo, enquanto que a técnica do Low-Poo revela-se um pouco mais flexível, tolerando agentes mais leves. “Um exemplo é o Cocamidopropyl Betaine, um derivado do coco que faz uma espuminha bem suave”, esclarece.
Quanto menos espuma, melhor
Os xampus mais indicados para aderir aos dois métodos são aqueles que apresentam pouca quantidade do Lauril Sulfato de Sódio em sua composição, ou seja, os produtos que fazem pouca espuma.
O Lauril Sulfato de Sódio é um dos componentes agressivos mais tradicionais encontrados nos xampus. “Este é um tipo de detergente que, quando muito concentrado na composição do xampu, resseca os fios, diz o especialista em problemas capilares, Luciano Barsanti, médico e diretor do Instituto do Cabelo em São Paulo. “Ele retira a gordura e provoca um ressecamento no couro cabeludo, o que leva a glândula sebácea a produzir depois mais gordura e aumentar a oleosidade dos fios”.
O problema é identificar esta característica nos produtos sem nenhuma sinalização nas embalagens, como comenta Luciano Barsanti. “Infelizmente as marcas não especificam a quantidade do composto nas fórmulas, então o único jeito de saber se aquele xampu pode ser prejudicial é testando: se fizer muita espuma, não é sinal de limpeza, mas sim de excesso”, orienta.
Cabelos cacheados
De acordo com Sabrinah, os cabelos cacheados são os que mais se beneficiam dos métodos No-Poo e Low Poo. “São cabelos que têm a proteção natural reduzida, pois a oleosidade da raiz não consegue chegar até as pontas devido ao formato em espiral”, justifica. Segundo ela, o resultado é a valorização das ondas naturais dos fios: “O cabelo muda, os dias seguintes são melhores, os cachos ficam mais definidos e com menos frizz”.
Barsanti também apóia a ideia do Low-Poo para todos os tipos de fios: “Não há problema nenhum em substituir o Lauril Sulfato de Sódio por outro detergente, ainda mais sendo um ingrediente natural como o Cocamidopropyl Betaine, desde que não misture com outros produtos ou altere a composição original testada pelo fabricante e aprovada pela Anvisa”, orienta.
As experiências das pioneiras
A americana Jacquelyn Byers ficou conhecida pelas redes sociais por lavar os cabelos apenas com água quente, sem nenhum tipo de xampu. A experiência está relatada no blog Little Owl Crunchy Momma, em que afirma ter observado, após esse teste, os fios mais saudáveis e resistentes.
O médico especialista em cabelos alerta, contudo, que essa prática pode provocar caspa, dermatite seborréia e até psoríase. “O cabelo precisa de uma limpeza para perder o sebo da raiz. Se você não o higieniza, acaba deixando lá bactérias e fungos nocivos”.
A inglesa Lorraine Massey não aboliu de vez o xampu, mas conseguiu desenvolver um produto de composição natural sem agentes agressivos. A pesquisa desta especialista em cachos resultou no livro “Curly Girl”. Depois da experiência, ela se tornou a co-fundadora da marca Deva Curl, que prega o uso do No-Poo/Low-Poo como um estilo de vida.
E então, pronta para esta nova experiência com seu cabelo? Conheça alguns produtos liberados para o uso No-Poo e Low-Poo:
Pequeno dicionário do movimento No-Poo e Low-Poo:
No-Poo: numa tradução livre, “nenhum xampu”
Low-Poo: numa tradução livre, “pouco xampu”
Tricologia: segundo a Academia Brasileira de Tricologia, trata-se do ramo da medicina que estuda e cuida de pelos ou cabelos
Surfactante: como explica o tricologista Luciano Barsanti, é uma substância que impede as moléculas de aderirem as propriedades superficiais e interfaciais de um líquido.
Lauril Sulfato de Sódio: de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), trata-se de um composto usado com fortes propriedades detergentes e espumógena e, por isso, é usado para finalidades cosméticas como banhos de espuma, cremes emolientes, cremes depilatórios, loções para mãos, xampus, dentifrícios e xampus.
Cocamidopropyl Betaine: segundo Barsanti, é um detergente com a mesma função do Lauril Sulfato de Sódio, porém menos agressivo por ser derivado de um ingrediente natural: o coco.
Dermatite Seborréica: doença crônica que, de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, causa inflamação, escamação e vermelhidão em algumas áreas da pele como: face, sobrancelhas, colo e couro cabeludo. Pode se manifestar por origem genética, agentes externos, como alergias, situações de fadiga ou estresse emocional, excesso de oleosidade ou a presença do fungo Pityrosporum ovale.