Assine CLAUDIA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Júlia Warken Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO

Burburinho, polêmica e reflexão. Jornalista e editora digital de CLAUDIA, Júlia Warken foca o olhar em questões contemporâneas que inquietam as mulheres.
Continua após publicidade

‘Sex Education’ e o debate sobre o que une as mulheres

A história de Aimee foi o ponto alto da segunda temporada e reascendeu um debate importantíssimo.

Por Júlia Warken, Guta Nascimento, thiagoabril
Atualizado em 23 jan 2020, 18h02 - Publicado em 23 jan 2020, 17h08

Desde a estreia da segunda temporada de “Sex Education”, que aconteceu no dia 17 de janeiro, pipocam nas redes sociais comentários emocionados sobre uma cena protagonizada pela personagem Aimee (Aimee Lou Wood). Na imagem, vemos ela sentada no último banco de um ônibus, acompanhada de outras cinco garotas. Ela sorri, mas com os olhos cheios d’água.

View this post on Instagram

Ninguém solta a mão da Aimee. ❤️

A post shared by Netflix Brasil (@netflixbrasil) on

Aviso: se você não quer spoilers da segunda temporada de “Sex Education”, é melhor parar de ler por aqui.

Lindamente roteirizada e executada, a cena em questão mostrou as colegas de Aimee se unindo para apoia-la depois de um acontecimento traumático. No ônibus a caminho do colégio, a garota foi surpreendida por um homem se masturbando – e a calça dela ficou manchada de esperma. Casos assim não são tão raros e viraram tema de um intenso debate no Brasil em 2017, lembra? A repercussão foi tamanha que a criminalização da chamada importunação sexual virou crime no país em 2018.

Continua após a publicidade

Voltando a “Sex Education”, Aimee passou por esse tipo de assédio, mas não deu muita importância num primeiro momento – tentando levar as coisas com leveza. Só que, com o passar do tempo, o trauma foi crescendo e ela já não conseguia mais entrar no ônibus.

Noutro momento da trama, no sétimo episódio, as seis personagens que aparecem na imagem do ônibus estão “de castigo”. É aquela clássica detenção da escola, frequentemente mostrada em filmes e séries. A professora então lhes dá uma tarefa: descobrir algo que une todas elas. A missão é mais difícil do que parece e nem mesmo gostar de chocolate é consenso. De repente, duas das personagens – que fazem um triângulo amoroso com o protagonista da série – começam a se ofender.

Continua após a publicidade

“Parem de brigar por causa de um cara idiota!”, grita Aimee, com lágrimas nos olhos. Logo após, ela conta ao grupo o que está enfrentando e todas começam a relatar situações de assédio pelas quais já passaram. Eis aqui o que une essas garotas.

(Netflix/Reprodução)

A cena das seis no ônibus fecha o episódio, mostrando que as colegas se uniram para acompanhar Aimee na ida à escola. Singela, a imagem que viralizou realmente toca o coração e reascende o debate sobre a união das mulheres. O tema está longe de ser novidade, mas segue muito necessário.

Continua após a publicidade

Ao longo dos últimos anos, vimos o neoapogeu do feminismo. Em séries, filmes, reportagens, vídeos de YouTube, textões no Facebook, almoços de domingo e cervejadas da empresa… nunca se falou tanto sobre o tema. Só que essa avalanche, enganchada no culto contemporâneo à intolerância verborrágica, acaba por enfraquecer o debate e a vivência prática do feminismo.

As mulheres estão realmente unidas e exercendo a sororidade em pequenas ações do dia a dia? 2019 começou com “ninguém solta a mão de ninguém” e terminou com “elas que lutem”. Também foi o ano em que o conceito de autocuidado ganhou grande força.

“Chega de desaforo, chega de priorizar o outro, chega de gastar minha energia com o que não me traz felicidade. Vou cuidar de mim”. Bacana, a gente realmente deve se amar antes de qualquer outra coisa. Você deve colocar a sua máscara de oxigênio antes de ajudar o passageiro ao lado, certo? Claro que sim.

Continua após a publicidade

 

Acontece que o autocuidado e a autopreservação ganham contornos de umbiguismo egoísmo com muita facilidade. Será que não é hora de resgatar a empatia e a sororidade?

Continua após a publicidade

Não soltar a mão de ninguém é muita coisa e talvez seja o momento de sermos mais realistas. Abraçar o mundo não é uma opção, mas recusar-se a falar da roupa da colega de trabalho é, por exemplo. Aliás, a época de Carnaval é mais do que propícia para colocar a sororidade em prática. Que tal ajudar uma desconhecida que bebeu demais? Que tal não passar a mão na cabeça do amigo machista? E da amiga gordofóbica também? Que tal oferecer apoio a uma mulher que sofreu assédio?

“Sex Education” acertou ao mostrar que pequenas atitudes podem não mudar o mundo, mas certamente têm o poder de transformar a realidade de alguém. Segurar uma mão por vez já é um passo bem importante.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

O mundo está mudando. O tempo todo.
Acompanhe por CLAUDIA e tenha acesso digital a todos os títulos Abril.

Acompanhe por CLAUDIA.

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Moda, beleza, autoconhecimento, mais de 11 mil receitas testadas e aprovadas, previsões diárias, semanais e mensais de astrologia!

Receba mensalmente Claudia impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições
digitais e acervos nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.

a partir de R$ 12,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.