Pele envelhecendo rápido? Problema pode estar na alimentação
Falta de proteína é uma causa comum do envelhecimento precoce e acelerado
Skincare, protetor solar diário, bons hábitos alimentares, procedimentos estéticos feitos com frequência e… de repente, a sua pele ainda está envelhecendo. Sabe onde pode estar o erro? Nas proteínas da sua dieta. “Não adianta gastar fortunas em tratamentos estéticos com bioestímulo de colágeno, lasers, peelings etc. se não há tijolos disponíveis para a fabricação de colágeno na pele, se os nutrientes necessários (aminoácidos) não são ofertados. Uma conta simples é que precisamos de 1 a 1,5g de proteínas por Kg de peso por dia para manter a necessidade diária sem prejuízo de nenhuma função. Se existe um preparo físico para hipertrofia muscular, essa recomendação pode chegar a 2,5g por kg de peso por dia”, explica a cirurgiã plástica Beatriz Lassance, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida.
Segundo a médica nutróloga Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), a proteína é um tipo de macronutriente formado a partir de um conjunto de aminoácidos ligados entre si. “Existem apenas vinte tipos de aminoácidos, os quais se ligam de formas variadas para compor diferentes proteínas, destes o corpo humano é capaz de sintetizar só onze. As proteínas de origem animal (carnes, leite, ovos) são proteínas de alto valor biológico. Ou seja, são aquelas que apresentam todos os aminoácidos essenciais em quantidades suficientes à manutenção da vida e crescimento dos novos tecidos. Os aminoácidos essenciais são nove: histidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, treonina, triptofano e valina. São assim chamados porque não podem ser sintetizados pelo corpo humano e devem ser obtidos através da ingesta. As proteínas de origem vegetal como cereais, raízes ou tubérculos, frutas e hortaliças são geralmente de baixo valor biológico ou parcialmente completas, também chamadas proteínas de baixo valor biológico, porque não têm todos os aminoácidos essenciais. Como exemplo, os cereais são deficientes em lisina, triptofano e treonina, já as leguminosas são deficientes em metionina”, explica.
70% de nossa pele, aliás, é composta por proteínas. “A pele nos protege de perda de água, agressões diárias, controle de temperatura, e é uma barreira entre nosso corpo e o ambiente em que vivemos. A queratina compõe a epiderme que deixa nossa pele resistente a agressões; a sola dos pés ou das mãos têm uma camada espessa que nos permite pisar e segurar objetos sem machucar. O colágeno e elastina dão elasticidade, conseguimos dobrar e esticar os braços sem que a pele se rompa, sorrimos e temos expressões faciais contraindo músculos que enrugam e relaxam e pele que os cobre e assim nos comunicamos”, diz Beatriz.
Existe uma degradação natural das proteínas de nosso organismo, células morrem e se renovam o tempo todo. “Estudos mostram que cerca de 300g de proteínas corporais são degradadas e sintetizadas todos os dias, e que temos uma perda diária de 20 a 30g de proteínas mesmo em condição de inanição. Em condições de alimentação inadequada, o corpo vai precisar de proteína para manter órgãos vitais de qualquer jeito. O coração não pode parar, muito menos os rins, fígado, cérebro entre outros órgãos, a albumina do sangue rapidamente é utilizada para repor essas perdas, proteínas do músculo são degradadas para manter o nível de albumina, e assim temos uma forma de hierarquia de necessidade de proteína: o corpo tem que se manter vivo. E a pele? A pele espera, colágeno e elastina não são mais importantes que as proteínas cardíacas ou cerebrais”, comenta Beatriz.
Como explica a cirurgiã, conseguir “bater a meta” da proteína diária não é fácil. “Por exemplo, uma pessoa com 70kg que faz atividade física de moderada intensidade, precisa de cerca de 100g de proteína por dia. Um bife bovino de 100g tem cerca de 30g de proteínas, um ovo apenas 6g. E ingerir a quantidade recomendada de proteínas fica ainda mais difícil quando sabemos que conseguimos absorver apenas 30g de uma vez, e que com a idade diminui a capacidade de absorvermos proteínas.”
Alimentos como peixe, carne bovina, frango, ovos e derivados do leite são ricos em colágeno, proteínas vegetais como soja, ervilhas e alguns outros legumes também possuem os aminoácidos necessários, mas em menos quantidade. “Estes alimentos serão quebrados por enzimas digestivas, transformados em aminoácidos e levados até a pele para a fabricação do colágeno como se fossem os tijolos. Porém, a reação de fabricação deste colágeno precisa de cofatores, como se fossem o cimento, que são zinco, vitamina C, biotina e ácido ortosilício que podem ser obtidos por frutas, verduras, frutos do mar e castanhas”, conta Beatriz.
Vale a pena investir em suplementos?
Uma dieta balanceada garante que os aminoácidos, vitaminas e sais minerais certos estejam disponíveis para a pele conseguir fabricar colágeno e elastina. “Mas, se a sua dieta não fornece todos estes ingredientes, é importante complementar estas quantidades. Estudos mostram a melhora da elasticidade e hidratação da pele com suplementação de colágeno e os seus cofatores. O ideal é conversar com um especialista para avaliar seus hábitos alimentares. Um estilo de vida saudável e consciente também é uma questão de pele”, finaliza Beatriz.